O acordo foi firmado entre o departamento de Defesa das Forças Armadas da Bósnia e Herzegovina (FABH) e o Escritório de Cooperação Militar na Embaixada dos EUA na Bósnia e Herzegovina com a assistência do vice-comandante do Exército dos Estados Unidos na Europa. O relatório indica que os exercícios serão realizados em duas etapas.
Urânio empobrecido é bem conhecido na Sérvia e ainda há um grande debate sobre o seu impacto no aumento de casos de câncer nessa região.
De acordo com o radiologista Slobodan Cikaric, durante a agressão da OTAN contra a Iugoslávia em 1999, foram lançadas até 15 toneladas de munições contendo urânio empobrecido. O cientista acredita que isso causou o surto de casos de câncer. Em entrevista cedida ao jornal local Politika, ele cita os seguintes números: em 2010, morreram 21.129 pessoas de câncer, o que representava na época 26% a mais do que em 2001. Em fevereiro de 2017, para cada 100 mil pessoas havia 490 pacientes com câncer, enquanto o número médio no mundo é de 290 para 100 mil pessoas.
O vice-ministro da Defesa da Bósnia e Herzegovina, Boris Jerinic, considera falsa a informação sobre o possível uso de urânio empobrecido durante os exercícios. Jerinic disse ao diário Euroblic na terça-feira (20), que detalhes dos exercícios ainda não foram negociados, "mas é possível que aeronaves participem".
"Nenhuma munição será realmente usada, muito menos, com urânio empobrecido. Isto não é feito em nenhum lugar do mundo e não permitiríamos uma coisa assim. Não haverá consequências aos cidadãos", concluiu.
No entanto, o presidente da República da Sérvia, Milorad Dodik apelou para que Mladen Ivanic, membro da Presidium da Bósnia e Herzegovina, relatando que não é aceitável a realização desses exercícios. Ivanic, por sua vez, respondeu que não recebeu nenhuma notificação do Ministério da Defesa sobre os exercícios, mas, de qualquer modo, eles não podem ser conduzidos sem que o plano seja aprovado para 2019. Ivanic sublinhou que nenhuma autoridade governamental da Bósnia apoiará o uso de urânio empobrecido durante os exercícios.
O presidente da República da Sérvia, em entrevista à mídia local, explicou que ele não foi contrário aos exercícios da OTAN.
"Os exercícios com o uso de aeronaves da OTAN serão realizados a 15 quilômetros de Banja Luka. Mas não está claro o motivo de serem necessários, pois a Bósnia e Herzegovina não tem força aérea própria. A questão não está nos exercícios, mas no uso do urânio empobrecido. Agora, estão dizendo que não há acordo, no entanto temos documentos que comprovam que não é assim", disse Dodik ao canal sérvio Prva.
Dodik explicou à Sputnik Sérvia que o plano estava sendo preparado em segredo, mas alguns representantes das autoridades bósnias, que participaram das negociações em nome da República da Sérvia, cooperaram divulgando detalhes.
"Fomos informados a respeito disso por representantes conscientes que representam a Sérvia e que se opõem àqueles que estão dispostos a cometer traição. O plano que foi adotado inclui o uso de munições com urânio empobrecido. O plano também prevê que, a partir de fevereiro, um programa de informações será ativado para convencer os residentes locais a acreditarem no benefício desses exercícios, no qual eu certamente não acredito".
No entanto, a Embaixada dos EUA na Bósnia e Herzegovina também negou a possibilidade do uso de ogivas ou urânio empobrecido.
É interessante notar que dias antes do surgimento da informação sobre os exercícios militares, a Croatian Jutarnji escreveu que a Rússia está planejando construir três bases militares na República da Sérvia para que "Putin mantenha toda a Europa na mira de seus mísseis". Dodik chamou esses rumos de "tolices".
"Essas informações são frequentemente propagadas pelos sérvios que recebem seus cheques de pagamento de instituições ocidentais. Eles inventam histórias que se encaixem no estereótipo geral de que os russos criam desordem na Europa, mas são mentiras escandalosas. Estamos desenvolvendo cooperação construtiva com os russos e assim será. Independentemente de gostar ou não, cooperamos em todas as áreas", concluiu Milorad Dodik.