Tangui Morlier, ativista da associação francesa Regards Citoyens, acredita que o encontro em questão é um bom exemplo do chamado tráfico de influência (práticas de porta giratória), um dos principais métodos de "lobistas de Bruxelas".
Segundo Morlier, o mecanismo consiste em recrutar antigos altos funcionários europeus, sendo conhecido como pantouflage, em francês, ou revolving doors, em inglês.
"O essencial deste fenômeno é os responsáveis políticos compartilharem, a troco de pagamentos, contatos de sua agenda com as grandes empresas, revelando-lhes segredos das estruturas europeias. Neste caso, trata-se do banco norte-americano Goldman Sachs", explicou o ativista à Sputnik França.
O encontro de Barroso, avança Morlier, mostra que um banco estadunidense pode contatar diretamente com um membro da Comissão Europeia, enquanto organizações não governamentais ou cidadãos comuns teriam que aguardar por muito tempo para serem recebidos.
O vice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen, por sua vez, confirmou ao movimento ALTER-EU o encontro com Barroso, sublinhando que era de caráter pessoal.
Outra ativista anticorrupção, Margarida Silva, acha que a afirmação de Katainen faz acreditar que Barroso "esteja utilizando realmente sua posição para pressionar a UE no interesse do Goldman Sachs", pois "ninguém fora da estrutura tem habilidades, laços e influência ao mesmo nível que os do ex-presidente da Comissão Europeia".
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, correu em ajuda de seu antecessor, afirmando, em 21 de fevereiro, que Durão Barroso nunca foi proibido de se encontrar com comissários europeus.