A supernova tradicional é a morte de uma estrela muito grande (que tem uma massa pelo menos 10 vezes superior à do Sol), que colapsa e explode. Entender como explode uma supernova ajuda a compreender como se produziram os elementos químicos no universo e, de alguma maneira, como muda sua composição química.
"A supernova diz o que está acontecendo com a estrela e como evolucionou. A captura da supernova na etapa inicial, o que foi conseguido, ajuda-nos a confirmar os modelos evolutivos destes objetos, que até agora eram apenas postulados teóricos", explicou à Sputnik Mundo Melina Bersten, do Instituto de Astrofísica de La Plata, que investiga a descoberta.
Durante sua vida, as estrelas irradiam brilho originado pela energia que está se produzindo no interior do astro. A partir de um mecanismo conhecido como fusão, as estrelas grandes convertem elementos leves em elementos mais pesados. A energia produzida durante a fusão faz com que a estrela esteja estável no espaço. No entanto, em um momento, a queima deixa de gerar energia e a estrela já não se pode resistir à gravidade e colapsa.
O colapso se transforma em explosão no interior da estrela, e a supernova aparece quando a explosão chega à superfície. Em outras palavras, é o momento em que se dispersam todos os elementos químicos produzidos pela estrela durante sua evolução.
Bersten afirma que este processo leva algumas horas e pode ser observado porque "sai um monte de luz de forma muito abrupta, como o flash de uma câmera, mas muito mais intenso".
Atualmente, a observação da supernova é o único jeito de os cientistas poderem entender o processo evolucional e a estrutura de um astro, porque não podem ver o que está acontecendo no seu "interior". O problema é que não se sabe quando e onde vai aparecer uma supernova: o fenômeno ocorre duas ou três vezes por século em cada galáxia.
Em 20 de setembro de 2016, o observador acabou escolhendo o lugar certo no momento certo, apontando seu telescópio para a galáxia espiral NGC 613, situada a 70 milhões de anos-luz da Terra. Além de ter tido sorte, Víctor demonstrou astúcia: o entusiasta tirou mais de 40 fotos em uma hora, mandando-as depois à União Astronômica Internacional porque entendeu que estava acontecendo algo importante.
El hallazgo de expertos del @CONICETDialoga y aficionados argentinos permitió confirmar por primera vez un postulado teórico que desvelaba a la comunidad astronómica mundial a partir de captar el instante preciso de la explosión de una estrella https://t.co/XbDkLLnNXU pic.twitter.com/rnMTh4EYSJ
— CONICET Dialoga (@CONICETDialoga) 21 de fevereiro de 2018
O argentino captou a primeira das três fases da supernova (quando a estrela explode e um flash de luz alcança a superfície estrelar). A segunda etapa tem lugar nos dias posteriores e se caracteriza pelo esfriamento do astro. Na terceira fase o objeto sofre um aquecimento causado pelo efeito do decaimento radioativo, que se estende por semanas.
A análise dos dados prestados pela descoberta foi publicada na revista Nature. A investigação foi realizada por um grupo de especialistas argentinos do Instituto de Astrofísica de La Plata, do Instituto Argentino de Radioastronomia e da Universidade Nacional de Río Negro em cooperação com cientistas dos Estados Unidos, Japão e Reino Unido.