Layza Queiroz, advogada da ONG Terra de Direitos, e integrante do Conselho Nacional de Direitos Humanos e Comitê Brasileiro de Denfensoras e Denfensores de Direitos Humanos (CBDDH), comentou essa situação em entrevista à Sputnik Brasil.
A ativista ressaltou a necessidade de evidenciar a desigualdade entre homens e mulheres também no contexto do campo, ressaltando a diversidade cultural e social que também é sinônimo de barreiras para a igualdade de gênero.
"A violação de direitos e a ausência de políticas públicas, afeta, principalmente nesse contexto que nós estamos vivendo, muito aos povos do campo e em especial as mulheres", contnua.
Ela afirma que o contexto rural cria maiores dificuldades para a fiscalização de direitos das mulheres, o que faz a ação promovida pela ONU e pelos movimentos sociais uma ação importante para dar visibilidade a essas questões.
"É muito importante visibilizar o papel das ativistas, no caso, das defensoras de direitos humanos. Porque a gente tem vivido um contexto de recrudescimento da violência", diz Laiza.
A advogada e ativista ressalta que as denúncias devem levar em conta a diversidade de mulheres, apontando a existência e resistência das trabalhadoras ruais quilombolas, indígenas, camponesas que ajudam na preservação do meio ambiente.
"A gente vive um processo tanto de fragilização de políticas públicas e sociais, intesificação de discursos conseervadores e contrários a esses direitos, e de criminalização e violência contra os povos do campo"a, aponta Laiza.
Números de 2016 apontam que quase metade de toda a população do campo no Brasil é composta por mulheres. O país têm cerca de 14,1 milhões de camponesas.
"As mulheres trabalham muito mais do que os homens. Elas têm duplas e triplas jornadas […]. Elas têm responsabilidades com a casa, elas têm responsabilidades com os filhos, elas têm responsabilidades com as pessoas doentes da família. Então há uma sobrecarga de trabalho muito significativa", lembra Laiza.
A mulher acumula ainda funções de gestão doméstica, e sofrem preconceitos no ambiente de trabalho, o que se reflete nos salários, em geral, menores para as mulheres do que os homens. Quadro que se agrava ainda mais no campo.
"A gente separa muito o público do privado e invisibiliza o trabalho que as mulheres fazem", conclui a advogada. Segundo a ONU, 25% da população mundial é de mulheres camponesas. Elas são consideradas garantidoras da segurança alimentar no planeta.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) também evidenciam que as mulheres são responsáveis pela renda de 42,4% da famílias no campo.
Essa soma é maior do que a encontrada em áreas urbanas, que é de de 40,7%. Além disso, as mulheres têm papel de coordenação no processo produtivo do campo brasileiros, como nas plantações, comunidades quilombolas e indígenas.