Os investigadores apuram nesta nova fase da operação — intitulada Buona Fortuna — as suspeitas envolvendo pagamentos de propina para favorecer o consórcio que venceu a licitação para construção da Usina de Belo Monte, no Pará.
Ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento durante a ditadura militar (1964-1985) e ex-deputado federal, Delfim Netto é suspeito de ter recebido R$ 15 milhões, provenientes das empresas vencedoras do contrato da usina.
O nome dele foi mencionado pelo delator Flávio Barra, ex-executivo da empreiteira Andrade Gutierrez. De acordo com ele, os pagamentos foram feitos a Delfim como uma gratificação por sua atuação na montagem do consórcio de empresas.
De acordo com os investigadores, enquanto o ex-ministro teria ficado com 10% dos valores – repassados por meio de contratos falsos envolvendo empresas de um sobrinho de Delfim – que as empresas teriam pago para serem beneficiadas pelo contrato, os demais 90% seriam divididos entre o MDB e o PT.
Em 2016, o ex-ministro prestou depoimento à Polícia Federal e revelou ter recebido R$ 240 mil em espécie da Odebrecht, empresa para a qual prestaria consultoria há 20 anos, mesmo não sendo formalmente contratado por ela. Ele negou saber que o dinheiro saiu do setor de propinas da empreiteira.
Além de buscas na casa de Delfim Netto, a PF investiga todas as firmas do consórcio Norte Energia – formado pelas empresas Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS e J. Malucelli –, uma vez que existiriam fortes indícios de favorecimento por agentes públicos.