Holzhacker falou à Sputnik Brasil após o pleito de domingo, 11 de março, em que cerca de 8 milhões de cubanos escolheram 605 deputados que comporão o Parlamento da Assembleia Nacional. Um destes deputados é o engenheiro eletrônico Miguel Díaz Canel, de 57 anos. Ele ocupa, desde 2013, o cargo de primeiro vice-presidente do Conselho de Estado de Cuba, o que ressalta sua proximidade do presidente Raúl Castro assim como de seu irmão, Fidel, falecido em 2016. Espera-se para 19 de abril o anúncio oficial de que Miguel Díaz Canel será o sucessor de Raúl Castro na presidência de Cuba.
Para a professora da ESPM, o anúncio oficial da sucessão de Raúl Castro deve ser visto com muita cautela embora, em sua opinião, o próximo líder cubano tenha todas as condições para aprimorar o regime político do país:
"Existem várias expectativas em torno destes fatos e a primeira delas é se o presidente Raúl Castro vai, realmente, fazer esta sua sucessão. Sempre existe essa dúvida por se tratar de um regime fechado em que grupos mais tradicionais podem pressionar o presidente para que ele continue no poder. Mas ele tem reafirmado a necessidade de mudanças em Cuba e a primeira grande mudança do regime seria não ter um Castro à frente do poder como vem ocorrendo desde a Revolução de 1959, primeiro com Fidel e depois com Raúl."
"Não se espera nenhuma grande ruptura. Miguel Díaz Canel é ligado ao governo, fez sua carreira política dentro do regime castrista e então não se esperam grandes alterações na política cubana. Mas, por ser de uma geração mais recente de políticos cubanos, por ter maior abertura em relação a determinados temas e pelos discursos que tem feito nos últimos meses, poderá se esperar de Miguel Díaz Canel uma liberalização maior ou, pelo menos, uma abertura política maior."
Ela está convicta de que as mudanças em Cuba acontecerão porém seguindo um roteiro que não represente nenhuma mudança radical no regime político do país, de modo a implementar a participação popular nas decisões do novo governo:
"Pelos seus últimos pronunciamentos, vê-se que Miguel Díaz Canel caminha para um diálogo com a classe política que poderá dar margem a uma maior abertura política, contemplando até mesmo os dissidentes políticos de Cuba. Ele poderá, inclusive, levar a população de Cuba a uma maior participação política no país sem que as decisões ou as reivindicações tenham de passar pelo crivo do PCC, Partido Comunista Cubano."