"Há duas instâncias superiores que a agente pode recorrer [STF e STJ] e vamos recorrer. Eles vão tomar a decisão, eu estou pronto para ser preso. É uma decisão deles", afirmou Lula, em declaração ao livro reproduzida pelo jornal O Globo.
A obra, intitulada 'A Verdade Vencerá — O povo sabe por que me condenaram', será lançada nesta sexta-feira em São Paulo e contará com a presença do petista. Nela, o ex-presidente admite já estar cogitando a possibilidade de ser detido em breve.
"Estou [cogitando ser preso]. O que não estou é preparado para a resistência armada. Como sou um democrata, nem apreender a atirar eu aprendi. Então, isso está fora. O PT não nasceu para ser um partido revolucionário, nasceu para ser um partido democrático e levar a democracia até as últimas consequências", explicou.
O petista também descartou a possibilidade de fugir, algo que fez com que ele tenha tido o seu passaporte apreendido no fim de janeiro, na véspera de uma viagem à África – a medida foi revertida poucos dias depois.
"Eu não vou sair do Brasil, não vou me esconder em embaixada, eu não vou fugir. A palavra 'fugir' não existe no meu dicionário. Vou estar na minha casa, chegando em casa entre 20h e 21h, indo dormir às 22h, acordando às 5h para fazer ginástica", ponderou.
Lula garantiu que tem a "consciência tranquila" e destacou saber o motivo pelo qual está sendo julgado. "Estamos num momento histórico importante para mim", continuou o petista, que sempre negou as acusações imputadas contra ele na Lava Jato.
O livro compila uma entrevista dada nos dias 7, 15 e 28 de fevereiro por Lula aos jornalistas Juca Kfouri e Maria Inês Nassif, para o professor de relações internacionais Gilberto Maringoni e para a editora Ivana Jinking.
Há a expectativa de que o Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF-4) se pronuncie ainda neste mês sobre os embargos de declaração impetrados pela defesa de Lula. Uma vez que analisados e, se negados, poderão permitir que o juiz federal Sérgio Moro decrete a prisão do petista.
Última esperança do ex-presidente, o Supremo Tribunal Federal (STF) não tem previsão se colocar em pauta o pedido de habeas corpus preventivo, solicitado pela defesa de Lula. Também nesta terça-feira, a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, reforçou ser contrária a discutir a após condenação em segunda instância.
Recentemente, parlamentares do PT foram ao gabinete da ministra do Supremo para pressioná-la a colocar o tema em pauta, porém ela já disse que rever o assunto neste momento seria "apequenar" a Corte.