No dia da morte, Ana Paula recebeu uma ligação da então coordenadora da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Marielle Franco, assassinada na semana passada.
"Eu lembro perfeitamente que no dia do assassinato do meu filho a Marielle me ligou deixando ali todo o apoio e falando que estava ali para me ajudar no que fosse possível", relembra.
Ana Paula Oliveira disse que depois Marielle chegou a ir até sua casa e conversar com os familiares e amigos de Johnatha.
"Ela foi até a minha casa com a Comissão de Direitos Humanos e conheceu minha família, minha mãe, minhas irmãs, minha filha e a partir daí começou a se estreitar esse laço entre nós. Então toda vez que a gente se via era uma perguntando pela família da outra e ela se tornou mesmo uma amiga, uma companheira de luta e a gente tinha uma admiração mútua", afirma.
Sobre a morte da vereadora, Ana Paula lamenta, mas diz que Marielle deixou um legado.
"Infelizmente aconteceu essa covardia, todas as mães choram, mas o importante é que a gente sabe que a Marielle deixou um legado, um legado de força, resistência, coragem, para todas as mulheres, principalmente para as mulheres pretas, das favelas", desabafou.
Ana Paula Oliveira se juntou a mais duas outras mães da favela de Manguinhos e fundou o movimento "Mães de Manguinhos", que luta contra a violência policial. O grupo organiza protestos e dá apoio a outras mães que tiveram seus filhos assassinados pela polícia.
O policial responsável pelo disparo que matou Johnatha foi indiciado pelo crime de homicídio culposo (sem intenção de matar) e ainda aguarda julgamento.