A China está pronta para defender seus direitos legítimos em relação às ações dos EUA, que podem ser classificadas como um exemplo de protecionismo comercial, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, nesta sexta-feira (23).
"Sob nenhuma circunstância a China ficará de braços cruzados enquanto alguém prejudica nossos interesses. Estamos preparados para defender nossos direitos e interesses legítimos", declarou a diplomata.
Ela frisou que "os EUA ignoram as regras da OMC", o que demonstra um exemplo de ações unilaterais e protecionismo comercial, e acrescentou que os EUA subestimam a capacidade da China em defender seus interesses legítimos, bem como o preço que os EUA terão que pagar por suas "ações imprudentes".
O Ministério do Comércio da China apresentou uma lista de 128 produtos importados dos Estados Unidos, incluindo suínos, frutas e vinho, para os quais planeja impor tarifas de 15% e 25%, em uma tentativa de compensar as recentes tarifas sobre o metal impostas por Washington. Pequim aplicará tais medidas caso não consiga chegar a um acordo com os EUA.
O economista russo Yury Yudenkov explicou que as novas tarifas norte-americanas não são exatamente o que parecem ser.
"Claro que os EUA estão interessados em desenvolver sua indústria siderúrgica, que se degradou drasticamente ao longo dos últimos 30 anos. Depois da aplicação das tarifas em função do desenvolvimento da infraestrutura do país, o benefício dessa ação parece óbvio para a indústria de aço e alumínio dos EUA. Conforme a legislação, os norte-americanos têm a possibilidade de introduzir medidas restritivas temporárias quando um ou outro produto prejudica sua indústria nacional. Foi isso que eles fizeram, com exceção para o Canadá e México. E depois começou uma história quase policial. A União Europeia e muitos outros países se mostraram indignados. Como resultado, os EUA tiveram que 'suspender' as medidas e até maio não irão aplicá-las em relação à União Europeia, Austrália, Brasil, Argentina e Coreia do Sul. Acontece que somos nós quem terá mais prejuízo, ou seja, a Rússia e a China", explicou o especialista.
Segundo ele, as medidas restritivas dos EUA, apresentadas como um procedimento de defesa do produtor norte-americano, serão prejudiciais principalmente para dois países, a Rússia e a China.
"Não há estímulos visíveis para a indústria siderúrgica norte-americana subsequentes às novas tarifas. De qualquer modo, os produtos continuarão a ser importados do Canadá, do México e provavelmente de outros países. Portanto, parece que essa guerra comercial, sob uma máscara de defesa do produtor americano, tem como objetivo dificultar a situação para a China e Rússia", concluiu Yudenkov.