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Agrotóxicos não são regulados de maneira satisfatória no Brasil, diz ex-gerente da Anvisa

© Foto / Fernando Frazão/ Agência Brasil/ Fotos PúblicasAto da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida no Rio de Janeiro.
Ato da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida no Rio de Janeiro. - Sputnik Brasil
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Os alimentos que os brasileiros comem e o meio ambiente estão expostos a possíveis contaminações por agrotóxicos porque o Brasil não faz uma regulação eficiente do setor, afirma Luiz Cláudio Meirelles - pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e ex-gerente Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O Brasil tem uma indústria de agrotóxicos que faturou US$ 12 bilhões em 2014 e lidera o consumo mundial destes defensivos agrícolas, afirma estudo da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

"Essa não é uma posição desejável para nenhum país que se preocupa com saúde pública e meio ambiente. A gente sabe que essas substâncias na origem são agressivas à saúde humana porque são sintetizadas para eliminar pragas e doenças e muitas vezes atuam em mamíferos e outros organismos que não são alvos", disse Meirelles em entrevista à Sputnik Brasil.

Protestos contra os alimentos transgênicos durante a manifestação contra a Monsanto no Chile. Um manifestante com um cartaz que leia Eu não quero comer transgênicos, durante as manifestações contra a Monsanto Co - uma das maiores empresas de produção dos alimentos trasgênicos, na cidade de Santiago, 23 de maio de 2015. - Sputnik Brasil
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Os agrotóxicos matam. Pesquisa do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) mostrou que de 2007 a 2011 foram registrados 26.385 casos de intoxicações por agrotóxicos de uso agrícola, 13.922 por agrotóxicos de uso doméstico, 5.216 por produtos veterinários e 15.191 por raticidas. 

Estas intoxicações causaram 863 mortes no período, indica o levantamento do Sinitox. A pesquisa defende, todavia, que este número pode ser muito maior já que pode existir uma subnotificação destas ocorrências.

"Existem muitos poucos dados sobre contaminação humana, contaminação ambiental. Isso é um fator problemático para gestores públicos e pesquisadores", afirma Meirelles, destacando a ausência de pesquisa sobre a qualidade da água potável e de alimentos processados e de origem animal.

O próprio Meirelles esteve envolvido em uma polêmica envolvendo os agrotóxicos enquanto atuava na Anvisa — órgão responsável por fazer a fiscalização toxicológica de novos defensivos agrícolas. Ele trabalhava desde 1999 na Anvisa quando denunciou, em 2012, que seis produtos haviam sido liberados sem as análises devidas. Meirelles encontrou até mesmo processos em que sua assinatura foi falsificada.

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Após levar o caso ao público, pediu desligamento do órgão e voltou para a Fiocruz. O processo de investigação do incidente, contudo, nunca prosperou, afirma Meirelles. Para ele, o ambiente de fiscalização no Brasil é "bastante fragilizado" e enfrenta a pressão de lobbies poderosos.

"É incompreensível a gente utilizar no Brasil uma série de substâncias que estão proibidas na Europa — que também é uma grande produtora de alimentos. Mas ela tem uma tecnologia de produção que é diferentes da nossa".

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