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Brasil errou ao isolar a Venezuela, diz o ex-ministro de Relações Exteriores de Lula

© AFP 2023 / Eraldo PeresCelso Amorim, diplomático brasileño
Celso Amorim, diplomático brasileño - Sputnik Brasil
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O atual governo do Brasil e do Mercosul como um todo estavam errados ao pensar em expulsar a Venezuela do bloco, fortalecendo seu isolamento internacional, afirmou em entrevista exclusiva à Sputnik o diplomata Celso Amorim, ministro de Relações Exteriores dos dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva.

"O governo [de Michel] Temer cumpre com o expediente, não toma qualquer iniciativa; nos melhores momentos ele cumpre o expediente e no pior ele faz coisas desastrosas e desastradas, como isolar a Venezuela aqui na América do Sul", disse Amorim. Para o ex-chanceler, "o Brasil errou ao isolar a Venezuela no Mercosul, o isolamento é inútil".

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Venezuela foi suspensa do Mercosul (formado também por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) em dezembro de 2016, por não cumprir obrigações financeiras em aberto desde 2012, e em agosto 2017 foi posta de lado indefinidamente por "quebrar o ordem democrática", logo após o estabelecimento da Assembleia Nacional Constituinte.

"Quanto mais você aumenta o isolamento, você cria uma percepção de cerco (por parte do governo da Venezuela) que não beneficia em nada; em Cuba, por exemplo, sempre contribuímos para que não haja tal mentalidade de cerco; que ajudou um pouco, não mudou tudo porque é uma evolução lenta, mas ajuda", disse ele.

Amorim julgou como errada a estratégia de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, mas especialmente criticou o atual chanceler brasileiro Aloysio Nunes Ferreira para afirmar que seu país não poderia mediar crise política interna da Venezuela, porque escolheu um lado.

"Pelo menos ele foi sincero", disse Amorim ironicamente.

O diplomata também lamentou o calor do bloco para condenar insinuações Estados Unidos sobre uma possível intervenção armada na Venezuela, observando que, se durante o seu mandato tinha acontecido algo semelhante, teria chamado uma reunião urgente do Mercosul ou da União de Nações Sul-Americanas (Unasul); mas "faltou pouco", criticou.

Amorim falou sobre os esforços que ele fez durante seus anos de governo Lula de criar pontes de diálogo interno, criando o grupo Amigos da Venezuela em 2003, depois de semanas de negociações, alcançou uma espécie de armistício entre a oposição e o governo venezuelano, em seguida, liderado pelo presidente Hugo Chávez (1999-2013).

O diplomata e membro Partido dos Trabalhadores (PT) do Brasil reconheceu que a situação atual na Venezuela é "pior" do que aqueles anos.

"Certamente teria várias críticas a aspectos específicos do governo de Nicolás Maduro, mas não podemos separar-nos de todo o processo, houve de fato [em 2002] um golpe que veio aparentemente para ser vitorioso sobre um ou dois dias e foi patrocinado pelos EUA. Isso foi dito publicamente e nunca foi negado", relembrou.

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Amorim, um dos diplomatas mais respeitados do Brasil, serviu na década de 1990 como um representante permanente de seu país com a Organização das Nações Unidas (ONU) e foi mais tarde embaixador para o Reino Unido.

Ele foi ministro das Relações Exteriores entre 1993 e 1994, e em 2003 Lula convocou-o para participar de sua primeiro governo, em que ele se tornou o arquiteto da consolidação do Brasil no cenário internacional, trabalhando oito anos com o então presidente.

Sua carreira política na frente também continuou durante o governo de Dilma Rousseff (2011-2016), que foi ministro da Defesa entre 2011 e 2014.

Para as eleições deste ano, Amorim está cotado para concorrer como candidato a governador do Estado do Rio de Janeiro pelo PT.

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