Em 7 de abril, o mundo testemunhou a prisão do ex-presidente brasileiro. Dois dias antes, depois de ter sido determinado o prazo da sua prisão até 17h do dia 6 de abril, Lula se refugiou no seu berço político, Sindicato dos Metalúrgicos.
Ao comentar o ocorrido, o especialista Felipe Oliveira recordou que a decisão de Lula de se entregar contrariou a muitos presentes que lhe apelaram para que resistisse à prisão por considerarem irregular o seu julgamento.
À porta da delegacia onde Lula pretendia cumprir a prisão, concentravam-se dois grupos distintos. Os solidários a Lula consideravam sua prisão injusta, os demais — apoiavam a sentença.
Felipe Oliveira comentou: "No momento atual, as pessoas presentes à porta da delegacia, mais do que apoiar ou se opor à prisão, parecem representar o momento atual que vive a sociedade brasileira, parecem representar uma crescente e exponencial polarização política no país, reduzindo o campo da luta política a apenas duas possibilidades."
De um lado estavam aqueles que gostam de tudo o que foi feito por Lula e pelo seu Partido dos Trabalhadores. Do outro lado estavam aqueles que são contra Lula, que veem sua política como "populista e clientelista, um cínico disfarce para constituir um dos maiores (senão o maior) esquema de corrupção do país".
"É sempre bom lembrar que Lula em seu governo também realizou uma Reforma da Previdência que retirou direito dos trabalhadores", lembra adicionando que atualmente Michel Temer e os que governam insistem em reformas a fim de diminuir o custo do Estado, como Reforma da Previdência.
Além do mais, Oliveira comentou que entre outros vários aspectos da Presidência de Lula que levaram à situação atual, destacam-se dois: "O primeiro é relativo aos seus aliados. No Brasil temos uma elite retrógrada, um ranço da colonização e 300 anos de escravidão e da situação de dependência do país frente às grandes economias. Para governar, Lula se aliou ao que existe de mais atrasado na política nacional, um grupo que, em um momento de crise econômica, não hesitou em atacar e retirar a presidente Dilma do poder."
Para ele, o segundo aspecto é o fato de Lula, durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, ter destacado que o setor mais rico do país nunca ganhou tanto como no seu governo.
Oliveira apontou que a existência de críticas é crucial para construir um futuro melhor para o Brasil que hoje em dia se encontra em uma encruzilhada e em circunstâncias que pedem para seguir adiante: "é preciso fazer uma dura análise sobre a situação que precedeu o momento atual, mesmo que isso implique em criticar uma liderança popular da grandeza de Lula."