"Você conhece esse motor que estamos fornecendo para os Estados Unidos, o NK-33. Nós decidimos vender esses motores que não são realmente modernos e usar o dinheiro que obtemos dessas vendas para desenvolver os motores mais novos", disse Dmitry Rogozin em sua entrevista na terça-feira à rede RBC.
O oficial russo comentou ainda que "na realidade, a Rússia obtém mais lucro com esse projeto do que os Estados Unidos", o que justifica que o Kremlin deva estudar bem qualquer proibição antes de implementá-la. Contudo, Rogozin adiantou que a Rússia pode se manter sem problemas, caso tais sanções sejam oficializadas contra os EUA.
"Os americanos ainda estão usando nossa espaçonave Soyuz, continuamos a cooperar na Estação Espacial Internacional (ISS) e treinamos suas tripulações em nosso centro de Zvyozny Gorodok e nas instalações de lançamento de Baikonur. Mas podemos simplesmente parar essa cooperação? Sim, nós podemos", acrescentou o vice-ministro.
"No entanto, devemos sempre pesar todos os prós e contras. Devemos distinguir a política pura que às vezes pode levar a 'atirar no próprio pé' e ao pragmatismo econômico", analisou a autoridade russa.
Rogozin enfatizou que a empresa russa de motores de foguetes cumpriria qualquer ordem emitida pelo governo, mas observou que seria melhor se a pesquisa espacial permanecesse fora da política.
Seus comentários foram feitos depois que parlamentares da Câmara Baixa da Rússia redigiram, na semana passada, um projeto detalhando uma possível resposta à última rodada de sanções anti-russas impostas por Washington.
As medidas propostas incluem a suspensão de toda a cooperação com os EUA nas esferas espacial e nuclear, a proibição de várias categorias de importações dos EUA, incluindo produtos agrícolas, farmacêuticos, tabaco, álcool e estendendo a lista de cidadãos dos EUA sujeitos a sanções pessoais como proibições de visto e congelamento de bens.
Outro passo inesperado proposto pelos parlamentares russos foi suspender os poderes de qualquer direito autoral detido por cidadãos ou empresas dos EUA, incluindo os direitos intelectuais ao software.
Na segunda-feira, o Parlamento russo (Duma) decidiu que iria realizar a primeira audiência no projeto de contra-sanção em 15 de maio.