Mohammad Javad Zarif, ministro iraniano das Relações Exteriores, declarou que, se os EUA abandonarem o acordo, Teerã poderá tomar várias providências 'desagradáveis' em relação a Washington.
"Sem dúvida, as medidas que a República Islâmica irá aplicar [em caso de abandono do acordo pelos EUA] e a reação internacional serão muito desagradáveis para os norte-americanos", disse o ministro ao chegar a Nova York, onde participará da Assembleia Geral da ONU.
Boris Dolgov, especialista em mundo árabe e oriental e doutor em história, comentou para o serviço russo da Rádio Sputnik que não há nenhuma novidade na posição da atual administração dos EUA.
"[…] A administração norte-americana pretende abandonar esse acordo. O Irã já comentou repetidamente que isso será inaceitável para os países que fecharam o documento. Os EUA dão de si próprios uma imagem negativa, como um país no qual não se pode confiar, quando uma administração aceita um acordo e outra administração o abandona", disse Dolgov.
O especialista opinou sobre as possíveis medidas de retaliação por parte do Irã.
Segundo ele, o mais grave que pode acontecer é o próprio Irã sair do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). Nesse caso, terá liberdade para retomar as pesquisas nucleares, inclusive na área militar.
Em 14 de julho de 2015, o Irã e seis mediadores internacionais (Rússia, EUA, Grã-Bretanha, China, França e Alemanha), chegaram a um acordo histórico sobre a resolução do prolongado problema nuclear do Irã. Em contrapartida, foi adotado um plano de ações para a retirada de sanções econômicas e financeiras contra o Irã por parte do Conselho de Segurança da ONU, EUA e União Europeia.
Os EUA pretendem introduzir alterações no acordo. Segundo um representante do Departamento de Estado, os EUA se retirarão do acordo se os parceiros europeus não "corrigirem as insuficiências" do documento. Ele também observou que "se, em qualquer momento, o presidente considerar que não se consegue chegar a acordo, os EUA o abandonarão imediatamente".