Enquanto o governo francês enviou convites para várias organizações humanitárias operando na Síria, incluindo a Caridade Síria, por alguma razão, o SOS Chrétiens d'Orient (SOS Cristãos do Oriente, em tradução livre) — um dos mais antigos e influentes grupos de caridade que prestam ajuda aos cristãos no Oriente Médio — não foi convidado.
"O fato de a Síria Caridade ter sido convidada se tornou uma surpresa desagradável para mim. Todos sabem dos vínculos que a Caridade Síria mantém com a Irmandade Muçulmana; por exemplo, Mohammad Alolaiwy, chefe da Caridade Síria, é próximo dos muçulmanos franceses. Precisamos ter cuidado com esses 50 milhões de euros [que a França pretende gastar em ajuda humanitária à Síria] e garantir que esse dinheiro seja gasto em propósitos humanitários em vez de projetos políticos", reclamou Lalonde.
Ela observou que, embora a Irmandade Muçulmana tenha ajudado os pobres no Egito, a organização também usa suas atividades humanitárias para promover agenda política.
"De fato, a oposição síria tinha laços com a Irmandade Muçulmana desde o começo. Eles tentam expulsar Bashar Assad para instalar um governo islâmico apoiado pela Irmandade Muçulmana. Isso é muito perigoso", denunciou Lalonde, acrescentando que o presidente Macron estava possivelmente desinformado sobre a natureza de algumas das ONGs convidadas.
"As autoridades francesas estão bem cientes do fato de que estamos trabalhando na Síria há quatro anos. Verdade seja dita, eu aprovo essa iniciativa; acredito que a maioria das instituições de caridade selecionadas fazem um bom trabalho e ajudam os sírios, embora não possa dizer sobre a totalidade deles", disse ele.
Blanchard acrescentou que ficou surpreso com o fato da Caridade Síria ter sido convidada, já que esta organização opera apenas em duas províncias sírias, que compreendem cerca de 10% do território do país. Ele destacou que o grupo fornece ajuda “apenas a uma categoria específica de sírios, apenas àqueles que aderem a uma posição política específica”.
"Está claro que a Caridade Síria persegue uma agenda política e coopera estreitamente com grupos que controlam a província de Idlib, o que é motivo de preocupação. É bom que a França queira ajudar a Síria, mas esses fundos não devem acabar com grupos que atendam aos interesses do fundamentalismo religioso", explicou Blanchard.