A milícia síria treinada pela Noruega, denominada Exército do Comando Revolucionário (MaT), com objetivo de ajudar a derrotar o Daesh, está agora travando uma guerra contra as forças sírias favoráveis ao governo, reporta o jornal norueguês Klassekampen.
Segundo o jornal, o grupo rebelde está lutando agora abertamente por uma mudança de regime na Síria, além de ser uma parte importante dos esforços dos EUA para evitar a influência iraniana na região.
Enquanto a contribuição da Noruega na Síria foi formalmente concluída em março deste ano, após o fim formal do mandato, a natureza e extensão exata do envolvimento da Noruega foram mantidas em segredo. O comandante do MaT, Muhannad al-Talla, confirmou para o jornal norueguês que seu grupo foi treinado por noruegueses em Al-Tanf, no sudeste da Síria, onde os EUA têm uma base.
Embora a primeira-ministra Erna Solberg e a então ministra da Defesa norueguesa Ine Eriksen Soreide tenham enfatizado que o mandato era para combater o Daesh, garantindo que isso "não colocará em perigo o processo de paz", al-Talla disse que seus aliados ocidentais nunca esconderam que seus soldados estavam combatendo contra os terroristas e o governo sírio.
"Desde o início eu estava completamente ciente de que estava combatendo o 'Estado Islâmico' e as forças de al-Assad. [O Daesh] estava claramente enfraquecido. Agora a prioridade é lutar contra Assad", admitiu al-Talla ao Klassekampen.
A base de al-Tanf é um posto estratégico ao longo da principal rota entre Damasco e Bagdá. Os EUA criaram a chamada zona de segurança de 55 quilômetros quadrados protegida por soldados norte-americanos com ajuda das unidades de al-Talla.
Dentro da zona, as tropas aliadas a Assad foram bombardeadas pelo menos duas vezes por aeronaves de combate dos EUA. Ao mesmo tempo, vários grupos rebeldes, inclusive o MaT, participaram na ofensiva contra as forças governamentais depois da retirada do Daesh do leste da Síria.
Embora o governo da Síria tenha conseguido retomar a maior parte do território do país do Daesh e de vários grupos rebeldes, o líder do MaT, Muhannad al-Talla, não está pronto a depor as armas.
"É verdade que o atual equilíbrio do poder favorece Assad. Mas nunca lhe permitiremos ter paz. Mesmo se ele vencer a guerra, continuaremos tornando sua vida infeliz", prometeu al-Talla.
Segundo o jornal Klassekampen, o MaT e outros grupos paramilitares apoiados pelo Ocidente fazem parte de um jogo das superpotências, em que os EUA buscam a garantir o controle da fronteira entre a Síria e o Irã para impedir a extensão da influência iraniana na região.
De acordo com al-Idlibi, o objetivo do MaT e dos grupos rebeldes similares é "combater os grupos iranianos e xiitas" na região. Ele também prometeu que a luta continuará "até que a missão esteja cumprida".
"No momento, o objetivo é controlar a rota principal entre Damasco e Bagdá. Assim, impedimos a expansão das forças iranianas entre a Síria e o Iraque através do deserto", observou.
Tanto Muhannad al-Talla, como o Ministério da Defesa da Noruega negaram a participação dos noruegueses na luta contra o governo sírio e seus aliados. A Noruega encerrou formalmente a sua missão na Síria com a decisão de se focar no Iraque.