O futuro do acordo que envolveu sete países tem sido um item importante da agenda durante a visita do presidente francês, Emmanuel Macron, a Washington nesta semana — mas Rouhani questionou se Trump tem a capacidade intelectual de julgar o acordo.
"Você não tem nenhum conhecimento em política. Você não tem nenhum conhecimento da lei. Você não tem nenhum conhecimento sobre tratados internacionais", afirmou Rouhani sobre Trump durante um discurso televisionado.
"Como pode um comerciante, um negociante, um empreiteiro, um construtor de torre fazer julgamentos sobre assuntos internacionais", acrescentou, referindo-se a carreira de Trump no mercado imobiliário.
Rouhani também repreendeu a suposição da Macron de que o acordo, que tem sete signatários, deveria ser revisado apenas para satisfazer as dúvidas de Trump. "Eles dizem que, com o líder certo de um país europeu, queremos tomar uma decisão sobre um acordo de sete interessados", observou Rouhani. "Para quê? Com que direito?", adicionou.
O acordo entre Teerã e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha (o grupo P5 + 1), facilitou as sanções em troca de fortes restrições ao programa nuclear de Teerã. O Irã foi acusado de desenvolver secretamente armas nucleares — uma alegação que nega. O acordo marco foi alcançado depois de quase uma década de negociações.
Trump disse que o acordo é "insano" e disse que "nunca deveria ter sido feito", enquanto Macron pediu que o acordo seja preservado, mas expandido para garantir que Teerã não tenha um programa nuclear "a longo prazo".
Na terça-feira, o ministro de Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, disse à Agência Associated Press que "não haverá nenhum acordo para o Irã permanecer" se Washington impuser sanções ou se retirar unilateralmente do acordo.
"Se os Estados Unidos se retirassem do acordo nuclear, a consequência imediata seria que o Irã retribuísse e se retirasse", afirmou Zarif.
O diplomata iraniano disse à rede NPR na segunda-feira que a renegociação do acordo de 2015 equivaleria a abrir uma "caixa de Pandora" que minaria a credibilidade dos EUA em futuras negociações internacionais.
Um alto funcionário iraniano também sugeriu que Teerã possa se retirar do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) se Trump romper o acordo nuclear. O Irã faz parte do tratado — que visa limitar a disseminação da tecnologia de armas nucleares — desde 1970.
Trump vai decidir se vai renovar ou não o acordo em 12 de maio. "Vamos ver o que acontece no dia 12, mas se o Irã nos ameaçar de alguma forma pagará um preço como poucos países já pagaram", alertou na terça-feira.