Uma correspondente da Sputnik conversou com acadêmico russo e chefe do departamento de Astrobiologia do Instituto Central de Investigações Nucleares, Aleksei Rosanov.
Este meteorito caiu na Antártida há uns 13 mil anos e foi descoberto apenas em 1984. Seu conteúdo isótopo aponta para origem marciana. Após investigá-lo com um microscópio eletrônico, cientistas descobriram dentro dele uma estrutura parecida a uma bactéria.
No entanto, não se podia afirmar com certeza que se tratava do fóssil de uma bactéria orgânica devido ao tamanho do corpo: várias dezenas de nanômetros, menor que o núcleo de qualquer célula.
Hoje em dia, cientistas russos do Instituto Central de Investigações Nucleares estão estudando o meteorito Orgueil, que caiu no sul da França em 14 de maio de 1864. Rosanov decidiu analisar as amostras do Orgueil utilizando um avançado microscópio. O cientista russo descobriu nas amostras estruturas semelhantes a cianobactérias.
"Nos poros do Orgueil há muita água em estado líquido, sendo este fator-chave para microrganismos", explicou o cientista britânico do Centro de Astrobiologia da Universidade de Buckingham e coautor do estudo, Richard Guver.
Por sua vez, Dmitry Badyukov, cientista do Instituto de Geoquímica e Química Analítica da Academia de Ciências da Rússia, afirmou que a discussão em torno da presença de sinais de microrganismos nos meteoritos dos anos 60 do século passado se deve à imperfeição das equipes da época.
No entanto, de acordo com o especialista, uma forte radiação galáctica "bombardeia" os meteoritos no espaço. Nenhum tipo de matéria orgânica é capaz de sobreviver a seus efeitos.
"O plástico após passar vários anos na órbita vira poeira. Enquanto a esperança de vida média de um meteorito no espaço alcança entre 10 e 15 milhões de anos ou mais. […] Temos grande experiência, suficiente para notar algo incomum no conteúdo dos meteoritos. Tenho a certeza de 99,9% que não há sinais de microrganismos nestes astros", concluiu o cientista.