A primeira edição da marcha ocorreu em 2012, na cidade siberiana de Tomsk, quando seus cidadãos desfilaram com fotos e cartazes comemorando a façanha dos seus ancestrais na Grande Guerra pela Pátria (parte da Segunda Guerra Mundial, compreendida entre 22 de junho de 1941 e 9 de maio de 1945, e limitada às hostilidades entre a União Soviética e a Alemanha nazista e seus aliados).
No Brasil, a marcha decorreu pela primeira vez em 2017, em São Paulo. Neste ano, a marcha patriótica popular russo-brasileira aconteceu pela primeira vez no Rio de Janeiro, tendo por objetivo homenagear os povos brasileiro e russo que participaram da Segunda Guerra Mundial e alcançaram a vitória contra o nazi-fascismo.
O embaixador da Rússia no Brasil, Sergei Akopov, que esteve na cerimônia no Rio de Janeiro, concedeu uma entrevista à Sputnik Brasil e contou um pouco da história e da importância desta data.
O diplomata destacou, primeiramente, que "este movimento, o Regimento Imortal, é uma iniciativa popular que nasceu de baixo, não foi uma iniciativa de nenhuma autoridade, foi o povo mesmo que criou esse movimento".
"O movimento cresceu e já está envolvendo milhões de pessoas em todo o mundo que participam deste movimento. Não somente na Rússia, mas quero sublinhar que esse movimento já abarca muitos países do mundo, não somente aqueles que participaram da Segunda Guerra Mundial, mas também em outros lugares, porque hoje em dia nós temos descendentes de pessoas que lutaram na guerra em muitos lugares do mundo", observa o embaixador.
"Do meu ponto de vista, o grande significado desta iniciativa é que são as pessoas jovens que levam os retratos dos membros das suas famílias, avós, bisavós, que participaram da guerra. O importante é que este movimento quer dizer que eles não esquecem aqueles que, com suas façanhas, suas vidas, defenderam a paz e destruíram o mal maior que eu acho que a humanidade tem, que é o nazi-fascismo", acrescenta.
Já Maria Verônica Andrade Maciel, que também acompanhou o Regimento Imortal no Centro do Rio, levou retratos diversos retratos de guerra do seu pai, Arthur Bezzera de Andrade, pracinha que sobreviveu à Segunda Guerra Mundial após combater pela Força Expedicionária Brasileira na Itália. Ela contou à Sputnik Brasil que sempre ouviu histórias sobre a guerra através de seu pai, falecido décadas depois do fim da guerra.
Maria Veronica destaca a importância que tiveram os pracinhas brasileiros, levando em conta que eles foram enviados à Segunda Guerra como "bucha de canhão", com ela diz.
"Eu dou a maior importância, porque se você souber o que é uma guerra, pensa bem, você tem filho, marido, fica naquela apreensão, se vai voltar vivo ou não. E eu dou muito valor aos pracinhas brasileiros, porque eles foram como bucha de canhão mesmo", afirmou a filha do ex-combatente.
Ela citou a histórica batalha de Monte Castello, na qual seu pai participou, como exemplo dos trágico momentos vividos pelos brasileiros na Itália durante a Segunda Guerra Mundial.
"Eles tinham que conquistar o Monte Castello, aí os alemães estavam todos lá em cima e eles tinham que subir pra chegar até lá pra poder conquistar. Aí o que que acontece? O alemão lá em cima só metralhava, metralhava, aí eles iam subindo e os que conseguiram subir, conquistaram o Monte Castello. Mas é muito triste essa passagem pra conquista do Monte Castello, porque ele disse que perdeu vários colegas", relembra Maria Verônica.
Mas a data não é de só de lembranças tristes para a filha do veterano Arthur Bezerra de Andrade.
"Quando chegaram aqui no porto foi uma festa, uma festa, a coisa mais maravilhosa a chegada deles aqui no Rio de Janeiro. Como eles vieram de navio, aí demora, aí a chegada no Cais do Porto tinha muitos brasileiros esperando, saudando […] muito bonitas as histórias, mas muito triste também, porque morreram muito brasileiro", contou Maria Verônica Andrade Maciel.