"Os Estados Unidos deploram a perda de vidas, mas há muita violência na região. E o duplo padrão é muito comum nesta câmara, e está trabalhando horas extras hoje", disse a enviada de Washington à ONU, Nikki Haley, antes de lançar uma longa diatribe criticando o conselho por falhar em convocar reuniões similares para discutir a "influência desestabilizadora" do Irã.
Haley então disse que a decisão de dezembro de transferir a missão dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém "não prejudica a perspectiva de paz de forma alguma" e que aqueles que disseram estar ligados à violência estavam "muito enganados". As mortes de 60 palestinos mostraram na segunda-feira a "incitação" do Hamas para atacar a fronteira entre Gaza e Israel, e que o grupo estava "satisfeito" com os confrontos, nos quais mais de 2.700 pessoas ficaram feridas, segundo as autoridades palestinas.
"Nenhum país nesta câmara agiria com mais restrições do que Israel", resumiu a ex-governadora da Carolina do Sul. Depois de ouvir uma série de discursos de outros enviados, Haley saiu do salão assim que o enviado palestino iniciou seu discurso.
A retórica otimista de Haley contrastava com o tom abafado do resto dos oradores, entre os quais os aliados próximos de Washington.
A embaixadora do Reino Unido na ONU, Karen Pierce, chamou a violência, que produziu o pior número de mortes em um único dia desde a guerra entre Israel e Hamas em 2014, "chocante e aterrorizante" e questionou se o uso extensivo de fogo vivo pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) foi "justificado".
"Imploramos a Israel que aja com moderação, dentro das leis internacionais, e mais do que qualquer coisa, garanta que suas forças de segurança não recorram ao uso de força excessiva", afirmou Pierce, embora reconhecendo "o direito de Israel de defender suas próprias fronteiras".
Chamadas similares foram feitas por outros Estados ocidentais, incluindo França, Suécia e Holanda.
Em seu comunicado, o vice-representante da Rússia, Dmitry Polyansky, adotou uma visão mais ampla, indicando que os quatro anos de paralisação do processo de paz deixaram um vácuo que foi explorado por políticos rivais com interesses partidários, produzindo um "ciclo de violência".
Polyansky reiterou que a Rússia, que desfruta de uma produtiva relação de trabalho com os líderes palestinos e israelenses, está pronta para se tornar mediadora e anfitriã de qualquer futura cúpula da paz.
O discurso mais feroz veio de um membro não-permanente, a Bolívia, cujo enviado, Sascha Llorenti, começou lendo os nomes dos palestinos mortos, antes de lançar uma crítica mordaz à "ocupação israelense ilegal" que é auxiliada pelo apoio incondicional de Washington, cuja decisão de se tornar o primeiro país a transferir sua embaixada para Jerusalém é outro voto de confiança do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
"Os Estados Unidos se tornaram um obstáculo para a paz, parte do problema, e não parte da solução", criticou Llorenti.