Um programa governamental de referência publicado pelo esquerdista M5S e sua aliada de direita Liga Norte diz que abandonar as sanções da Rússia forneceria uma abertura para Moscou se envolver na solução de crises regionais que afetam o Oriente Médio.
Apesar de chamar os EUA de "aliado privilegiado", o documento promete um reengajamento com a Rússia que "não deve ser vista como uma ameaça, mas como um parceiro econômico e comercial". Portanto, o pacto diz que "é apropriado colocar um freio nas sanções impostas à Rússia para que possa retomar seu papel de mediador estratégico para resolver crises regionais (na Síria, na Líbia, no Iêmen)".
Indo mais além, a coalizão chama a Rússia de "parceira potencial para a OTAN e para a UE", e destaca que existem outras ameaças mais agudas emergentes na "frente sul" da Europa, a saber: "extremismo islâmico, migração descontrolada e consequentes tensões que surgem entre potências regionais".
Portanto, a Itália, cuja política externa será centrada em torno dos interesses nacionais, "deve aprofundar sua cooperação com outros países comprometidos com o combate ao terrorismo", afirma o programa.
As sanções da Rússia de lado, o pacto pede uma revisão das regras da UE existentes sobre imigração e refugiados. Exige uma distribuição "obrigatória e automática" dos requerentes de asilo em todo o bloco de 28 membros, em vez de exigir que permaneçam no país onde primeiro entram na Europa.
O M5S e a Liga Norte também pedem uma política de deportação "séria e eficiente", sugerindo que mais centros de detenção poderiam ser abertos. O financiamento de mesquitas e outras instalações religiosas deve ser transparente, e as orações islâmicas devem ser conduzidas em italiano, de acordo com as propostas.
Colocando ênfase na solução de problemas domésticos, o programa promete bilhões de euros em cortes de impostos e promete gastos adicionais em assistência social para os pobres, além de incluir uma reviravolta em reformas controversas de pensão. No entanto, o acordo final deixou cair uma proposta que buscava mudanças radicais nas regras fiscais da UE.
Coletivamente, M5S e Liga Norte obtiveram a maioria dos votos em eleições nacionais em 4 de março. O sucesso do M5S veio principalmente do sul da Itália, o que, segundo alguns observadores, pode ser explicado pela distribuição desigual da riqueza em todo o país. A Liga Norte já havia governado duas das regiões mais ricas da Itália, Lombardia e Veneto, e aparentemente ganhou destaque devido à sua postura dura em relação à imigração e à burocracia da UE.