O chefe da Casa Branca decidiu impor tarifas rigorosas às importações da China e ameaça estendê-las se gigante asiático não reduzir seu superávit comercial com os Estados Unidos. Da mesma forma, Washington exige que Pequim suspenda subsídios industriais previstos no plano "Made in China 2025", projetado para alcançar a vanguarda em tecnologias avançadas.
"Está claro que pressão nas negociações nem ameaças de uma guerra comercial farão com que a China abandone seu modelo bem-sucedido de planejamento estatal, quando se trata de um objetivo tão grande quanto o desenvolvimento de uma indústria altamente tecnológica capaz de deixar todo o mundo para trás", disse o jornalista em um artigo para RT.
De fato, um excesso de pressão sobre a China pode ser um tiro pela culatra: várias indústrias americanas, como as automotivas, de comunicações e de alta tecnologia, dependem de componentes comprados de fornecedores chineses.
Assuntos militares e estratégicos
Como se isso não bastasse o presidente Trump escolheu um momento notavelmente inoportuno para desafiar a China em questões comerciais, visto que Washington está tentando chegar a um acordo sobre desnuclearização com o vizinho e aliado da China, a Coreia do Norte.
Se os EUA colocarem muita pressão sobre o comércio, a China, que é essencialmente o único parceiro comercial da Coreia do Norte, poderia suspender as sanções impostas a Pyongyang após uma série de testes nucleares e lançamentos de mísseis, permitindo, assim, que o líder norte-coreano Kim Jong-un endureça sua postura nas negociações com os Estados Unidos.
Nessa região, os EUA têm perseguido uma política agressiva, fornecendo armas modernas a Taiwan e enviando, provocativamente, embarcações militares e bombardeiros para áreas próximas às bases insulares chinesas no mar do Sul da China.
Indicador do mercado de ações
Segundo o jornalista, há um sinal importante de que todo o diálogo sobre uma guerra comercial iminente entre os EUA e a China pode ser mais devido a um jogo de Trump na política interna dos EUA, do que uma tentativa de confrontar a China no comércio.
Extremamente sensível às relações sino-americanas, o índice Hang Seng, no qual muitas empresas estatais chinesas ou empresas sediadas em Hong Kong, que dependem fortemente do comércio entre as duas nações, cresceu no turbulento primeiro ano da presidência de Trump. E neste ano, embora abaixo do máximo alcançado em janeiro, já registra um crescimento de 5%.