Publicado na revista PLO Medicine, o estudo "Morbimortalidade infantil associada a políticas alternativas de resposta à crise econômica no Brasil: um estudo de microssimulação em âmbito nacional" utilizou modelos matemáticos e estatísticos para medir os impacto do corte de verbas na saúde infantil em todos os municípios brasileiros no período de 2017 a 2030.
O levantamento leva em consideração especialmente o impacto dos cortes promovidos pelo Governo Federal a programas como o Bolsa Família, que hoje beneficia 21% da população brasileira e a Estratégia de Saúde da Família, que atende 65% da população. Para o professor, arrochos que prejudiquem a continuidade dos dois programas são mais pesados no Brasil do que seriam, por exemplo, na crise econômica grega devido ao grau de desigualdade no país.
"Se você pegar a taxa de mortalidade infantil deles, verá que é quatro, cinco vezes menor que a brasileira. A taxa aqui é maior até mesmo que em países da América do Sul com perfis econômicos similares devido a desigualdade, temos uma parte da população muito mais vulnerável socioeconomicamente. O Bolsa Família age nisso, reduzindo a pobreza, melhorando a alimentação e o acesso ao sistema de saúde", diz Rasella.
"O grande problema [da PEC 55] é a duração, tanto que ela foi chamada no Washington Post de "a mãe de todas as medidas de autoridade" porque não é uma medida que se limita ao período da crise econômica, mas sim que se estende por 20 anos", avalia o pesquisador, notando que quando a pobreza aumenta, as pioras nos indicadores sociais são imediatas.