Para Abdulaziz Alghashian, especialista em Oriente Médio e pesquisador da Universidade de Essex (Reino Unido), apelando a esta medida, Israel tenta aproveitar o máximo possível da situação atual.
"Acho que Israel está sentindo que pode ganhar muito mais com a administração de Trump agora, muito mais do que podia ter ganhado com qualquer outra administração antes. Em Israel entendem que mais atenção está sendo dada a eles e tentam aproveitar dessa situação ao máximo", disse o analista.
Para entender até onde levará esta situação, o especialista acha necessário levar em consideração que a ocupação e anexação das Colinas de Golã por Israel são ilegais. Então, o reconhecimento das Colinas de Golã será um ato ilegal segundo a lei internacional e a resolução 497 da ONU, sublinha Alghashian.
"Se esta anexação ilegal for legitimada, haverá críticas significativas vindas do mundo árabe, mas estas críticas não serão unanimes nem solidárias pois […] os países árabes agora não confiam muito uns nos outros", afirmou o interlocutor da Sputnik Internacional.
Em qualquer caso, opina Alghashian, o possível reconhecimento das Colinas de Golã não será um processo fácil.
"Acho que a Administração e conselheiros de Trump lhe aconselham dizer o seguinte: 'Ouçam, vocês já deram um grande passo ao transferir a embaixada para Jerusalém, isso está provocando muita reação anti-israelense e antiamericana, acho que será demais se vocês anexarem as Colinas de Golã também […] Mas, se chegar à oficialização das Colinas de Golã como território israelense, acredito que isso levará muito tempo, não penso que isso aconteça em breve", ressaltou o especialista.
Falando da possível resposta da comunidade internacional, o cientista político opina que esta será sem dúvidas muito crítica, colocando Tel Aviv e Washington "em uma situação muito difícil", já que perderam reputação de mediadores imparciais e honestos, concluiu.
Israel se apropriou das Colinas de Golã na Guerra dos Seis Dias de 1967 e, em seguida, anexou-as unilateralmente em 1981. Desde então, a soberania sobre a área tem sido tema em discussões sobre os direitos territoriais de Israel na região. Antes da guerra, a área pertencia à Síria e a ONU a considera "território ocupado", enquanto Israel a define como "território disputado".