A Sputnik Internacional discutiu o programa nuclear do Irã com o Dr. Eitan Barak, do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Hebraica de Jerusalém.
Perguntado sobre o que simboliza o planejamento iraniano de aumentar sua capacidade de enriquecimento de urânio, dentro dos limites do JCPOA, o especialista destaca "que o aiatolá Ali Khamenei [líder supremo iraniano] disse que apenas sob as condições declaradas por ele na segunda-feira (4), a condição de que o acordo nuclear irá de fato desmoronar após a saída dos EUA no mês passado, e acredito que ele declarou corretamente ao dizer que a nação iraniana não tolerará ficar sob ambas — sanções e restrições nucleares".
"No entanto, os signatários europeus do acordo, quem Netanyahu está atualmente visitando, ou seja, França e Alemanha, vão manter o acordo e também vão se certificar de que as empresas europeias não vão se render à regulamentação dos EUA e à ameaça de sanções", acrescentou.
Sobre a resposta de Israel em relação à declaração, Barak afirmou que a reação israelense ainda não foi vista. "Posso supor que Netanyahu vai tirar vantagem disso em sua campanha, na verdade, para forçar as empresas europeias a se retirarem do acordo também, ou o que ele espera que eventualmente os líderes iranianos concordem em negociar a questão do programa de mísseis nucleares."
Após o encontro com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, intitulado por alguns como um fracasso e que não chegou a lugar nenhum, muitos especialistas acham que é muito improvável que Netanyahu tenha algum sucesso em convencer a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, ou até mesmo o presidente francês Macron, que visitou os Estados Unidos tentando persuadir Donald Trump a permanecer no acordo.
Questionado sobre a possibilidade de Israel conseguir convencer os líderes, que enfrentaram os Estados Unidos, a abandonar o acordo, Barak acredita que os dirigentes europeus estão enfrentando um grande dilema.
"Eles sabem que o Irã não violou o acordo, de fato, o último relatório da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) confirma isso, mas os EUA adotaram a visão de Israel. Eles estão dispostos a confrontar os Estados Unidos e a pagar o preço por causa do Irã?", indaga o professor.
O especialista concorda com o fato de que Israel não foi signatário ou apoiador do JCPOA, enquanto os Estados Unidos apoiaram e abandonaram um acordo internacionalmente reconhecido. Além disso, ele usa como exemplo o caso da Coreia do Norte que ao mostrar que tem armas nucleares, então é "tratado com respeito e assim por diante. E o Irã afirmou, de fato, que as duas questões, tanto a influência na Síria e como o programa de mísseis, são inegociáveis".