Após oito anos de recuperação cuidadosa dos dados perdidos das missões espaciais da Apollo, os pesquisadores acompanharam a raiz da mudança de temperatura. Suas descobertas, publicadas no The Journal of Geophysical Research Planets, indicam a interferência humana na superfície lunar como a culpada.
Fitas perdidas
As sondas mediram a temperatura na superfície lunar e subterrânea até 1977, enviando dados para o Centro Espacial Lyndon Johnson da NASA, em Houston, onde foram gravados em fitas e depois arquivados. No entanto, mais tarde, verificou-se que somente as fitas entre 1971 e 1974 foram arquivadas, as outras foram consideradas perdidas.
A equipe descobriu que a NASA havia criado um conjunto separado de fitas para arquivamento — encontrando 440 fitas datadas de abril a junho de 1975 no Centro Nacional de Registros de Washington.
Eles também encontraram registros semanais registrando as leituras de temperatura da sonda de 1973 a 1977 no Instituto Lunar e Planetário em Houston. Isso lhes deu informações suficientes para começar a entender o motivo do aquecimento da Lua.
Mistério da lua resolvido
Os cientistas passaram anos recuperando e analisando dados. Eles descobriram que as sondas que estavam mais perto da superfície da Lua registraram um anterior e maior aumento de temperatura, sugerindo que o calor começou na superfície antes de seguir para as sondas localizadas mais profundamente na Lua.
Depois de toda essa análise, ficou claro que a razão para o aumento da temperatura foram os próprios astronautas das missões Apollo. Os viajantes espaciais perturbaram a superfície do satélite natural quando eles pousaram e caminharam sobre ela. O solo escurecido significava que a Lua refletia menos da sua superfície, fazendo com que aumentasse a temperatura em 1 ou 2 graus Celsius.
"Não é necessária muita perturbação para que se consiga um aquecimento sutil da superfície", disse Seiichi Nagihara, principal autor do estudo e cientista planetário da Universidade de Tecnologia do Texas.
O estudo descobriu, talvez sem surpresa, que é quase impossível enviar astronautas ou instrumentos para a Lua sem mexer no ambiente da superfície.
"No processo de instalação dos instrumentos, você pode realmente acabar perturbando o ambiente térmico da superfície do local onde você quer fazer algumas medições", disse Nagihara. "Esse tipo de consideração certamente vai para o projeto da próxima geração de instrumentos que serão, um dia, implantados na Lua."