"Atualmente, o líder supremo [Aiatolá Khamenei] determinou que os programas sejam executados dentro dos parâmetros do acordo nuclear", afirmou o porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã (AEOI) Behrouz Kamalvandi ao Clube de Jovens Jornalistas (YJC) em uma entrevista.
"E quando ele der a ordem, nós anunciaremos os programas para operar fora do acordo nuclear para reviver Fordow", acrescentou.
Kamalvandi pontuou ainda que novos equipamentos também seriam instalados na usina nuclear de Natanz.
Na semana passada, o líder supremo do Irã ordenou à AEOI que preparasse a instalação de Natanz para retomar o processo de enriquecimento. A instalação deve estar pronta para abrigar 60 centrífugas de enriquecimento em um mês, de acordo com autoridades iranianas.
A decisão de retomar o processo de enriquecimento não viola o acordo de 2015, oficialmente conhecido como Plano de Ação Compreensivo Conjunto (JCPOA), pois o país pode enriquecer pequenas quantidades de urânio para fins médicos e de pesquisa.
A fábrica de Fordow é a segunda instalação de enriquecimento de urânio, localizada a nordeste da cidade de Qom. A instalação secreta, enterrada no subsolo, foi revelada à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em 2009. Nenhuma foto do local, exceto imagens de satélite, surgiu até agora.
Após a decisão dos EUA de deixar o acordo em 8 de maio, outros signatários lutaram para evitar que ele se desintegrasse. Aliados próximos dos EUA — França, Reino Unido e Alemanha — prometeram manter o acordo, concordando, porém com Washington que o programa de mísseis do Irã e as atividades regionais podem se tornar um assunto para futuras negociações.
Teerã, no entanto, recusou-se a renegociar o acordo de qualquer forma, instando todas as partes a realmente cumprirem suas obrigações. A conformidade do Irã com o JCPOA foi regularmente confirmada pelos especialistas da AIEA.
As principais autoridades iranianas alertaram repetidamente que, se o país não recebesse os benefícios econômicos do JCPOA, seria forçado a abandoná-lo. Falando com o presidente francês Emmanuel Macron ao telefone, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, enfatizou que os signatários "não devem permitir que essa grande conquista diplomática seja destruída pelas medidas unilaterais e atos de violação dos outros".
"Se o Irã não puder desfrutar dos benefícios do acordo, será praticamente impossível permanecer nele", declarou Rouhani à Macron na terça-feira, conforme citado pela mídia estatal.
Enquanto os países europeus declararam seu compromisso com o acordo e prometeram "proteger" suas empresas que operam no Irã de possíveis sanções dos EUA, as empresas já começaram a deixar o país. Na quarta-feira, o austríaco Oberbank anunciou sua retirada do Irã sobre as sanções ameaçadas. O Oberbank foi um dos primeiros bancos ocidentais a entrar no mercado iraniano após o acordo histórico.