Enfrentarão os Estados Unidos um colapso semelhante ao da URSS na Europa?

© AFP 2023 / MOLLY RILEYO candidato republicano à presidência norte-americana, Donald Trump, toma parte de um evento no âmbito da sua campanha, em 20 de agosto de 2016, na Virgínia
O candidato republicano à presidência norte-americana, Donald Trump, toma parte de um evento no âmbito da sua campanha, em 20 de agosto de 2016, na Virgínia - Sputnik Brasil
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O jornal The Wall Street Journal publicou recentemente um artigo intitulado “Europa Pondera Nova Ordem Mundial Enquanto seus Laços Transatlânticos se Rompem”. Para o colunista da Sputnik, Ivan Danilov, este artigo demonstra que, para que tudo corra bem nos EUA, tudo deve correr mal nos outros países.

O artigo do The Wall Street Journal, escrito pelo cientista político Simon Nixon, oferece um prognóstico pessimista. "Os pobres laços de Trump com os aliados da Europa Ocidental levantam a possibilidade de 2018 ser um ano de desarticulação ideológica, como 1989 foi para a Europa Oriental", indica o artigo.

Desta vez, o império que irá perder a sua influência na Europa da noite para o dia não será a União Soviética, mas sim os Estados Unidos.

"Da perspetiva europeia, o risco de o continente enfrentar um colapso da ordem norte-americana na Europa é comparável ao colapso da ordem soviética de 1989. Naquele ano, o controle que a Rússia mantinha sobre a Europa Central e Europa do Leste colapsou praticamente da noite para o dia quando se evaporou a ideologia na qual o sistema de regras comuns se baseava. Isso obrigou [os países do Leste] a buscarem alternativas", escreveu Nixon no seu artigo.

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Quem terá que procurar alternativas agora é a Europa. Para Ivan Danilov, os europeus ainda se lembram muito bem e tomaram muito a sério as opiniões uma vez expressas pelo seu aliado, Donald Trump, de que a "Europa é pior do que a China" e que "a União Europeia não fomenta os interesses norte-americanos". Assim, para os europeus, o caminho escolhido pela administração Trump demonstra que Washington já não quer tratá-los como seus aliados, com os quais se deve compartilhar os frutos da geopolítica norte-americana. Por isso, adverte Nixon (opinião compartilhada por Danilov), entre os EUA e a Europa podem surgir divergências ideológicas.

Para entender a nova posição de Washington relativamente à Europa, é preciso levar em consideração a saúde da economia estadunidense. Como chefe de Estado, Donald Trump "está obrigado" a manter a aparência de que a economia do país vai bem e que no futuro estará ainda melhor, explica Danilov. Mas nem sempre foi assim.

"Durante a campanha eleitoral ele era muito mais sincero e deixou bem claro que a economia norte-americana era 'uma grande bolha'. O estado da economia é o principal problema e dor de cabeça do líder dos EUA. E são as tentativas de corrigir este estado crítico por conta de outros […] que definem a estratégia política externa da administração estadunidense", ressaltou o analista russo.

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Para que esta "bolha" não expluda, os EUA precisam que as empresas chinesas, europeias, japonesas, mexicanas, canadenses e outras, bem como seus empregados por todo o mundo, lucrem muito menos e gastem mais dinheiro comprando produtos americanos. Isso permitirá que as empresas e seus empregados nos Estados Unidos lucrem, por sua vez, muito mais, avança Danilov.

"Trump precisa de 'saquear' todo o mundo de uma vez e o mais rápido possível, caso contrário, as contas não baterão certo", assinala o colunista.

Para Danilov, para resolver esta situação os líderes europeus devem adotar medidas bastante radicais, que implicarão sérias mudanças geopolíticas.

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Em particular, podem transformar o desafio existencial em um instrumento de consolidação e centralização da Europa sob um único centro de governo, como propõe o presidente francês Emmanuel Macron. Podem também tentar estabelecer alianças táticas com a China e a Rússia, acrescenta Danilov, ou tentar combinar ambos os cenários.

"Até agora, tanto a chanceler alemã, Angela Merkel, como o próprio Macron têm se comportado como se houvesse uma terceira opção: esperar até que os Estados Unidos tomem juízo. Mas depois da falhada cúpula do G7, poucos acreditam nisso", conclui Danilov.

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