A decisão de fornecer armas de fogo para os líderes comunitários — conhecidos localmente como capitães barangay — foi anunciada pelo ministério na quarta-feira. As localidades barangay das Filipinas variam em tamanho e podem ser descritas como distritos ou bairros.
A principal condição para adquirir uma arma para os capitães barangay é estar disposto a combater o crime e a não se envolver em atividades ilícitas. As referidas armas serão fornecidas gratuitamente ou o Estado subsidiará uma compra privada da arma de escolha de um capitão.
"A condição é que o capitão lute contra drogas e crime. Se ele for conivente com criminosos, ele pode ser o único a ser atacado", disse à Agência Reuters o subsecretário do Departamento de Interior, Martin Dino, que supervisiona os barangays do país.
Na terça-feira, o presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, afirmou que estava considerando dar as armas aos capitães barangay. Na semana passada ele prometeu fornecer a mesma proteção legal que os policiais, afirmando que eles "nunca irão para a cadeia" se eles matarem suspeitos de crimes. Ao mesmo tempo, o homem forte das Filipinas acusou repetidamente alguns funcionários da comunidade de estarem envolvidos no tráfico de drogas ilícitas.
A decisão de armar os capitães barangay foi condenada pelas figuras da oposição do país, que expressaram temores de que poderia levar à violência generalizada e efetivamente transformar as Filipinas em um "oeste selvagem".
"Com a mesma mentalidade de matar agora, poderíamos esperar que todo o país se tornasse um campo de morte", afirmou o deputado Gary Alejano.
Duterte foi eleito presidente em 2016, prometendo erradicar o tráfico de drogas ilegais no país, atormentado pelo shabu — gíria local para a metanfetamina. A guerra contra as drogas que se desdobrou desde então custou a vida de mais de 4.000 pessoas, segundo dados oficiais, enquanto grupos de direitos humanos alegam que o número pode ser pelo menos três vezes maior.
A aplicação da lei tem sido repetidamente acusada de assassinatos extrajudiciais de traficantes suspeitos, enquanto as observações controversas de Duterte apenas forneceram motivos para novas especulações.
A guerra das Filipinas contra as drogas invocou a ira de grupos de direitos humanos, incluindo o Conselho de Direitos Humanos da ONU, que iniciou uma investigação sobre supostos abusos e execuções extrajudiciais. Todas as acusações foram ignoradas pelos funcionários do país, com o próprio Duterte insultando os grupos de direitos humanos. Em uma de suas últimas tiradas, o presidente das Filipinas classificou o comissário de direitos humanos da ONU, Zeid Ra'ad Al Hussein, como "filho de uma prostituta", que não tem "matéria cinzenta entre [suas] orelhas".