Os planos "nos causam séria preocupação", escreveu a embaixada da Rússia na Noruega em sua página no Facebook.
Antes de ingressar na OTAN em 1949, a Noruega aliviava os medos russos ao comprometer-se a não abrir seu território a tropas de combate estrangeiras, desde que não fosse atacada ou ameaçada de ataque.
O posicionamento de tropas norte-americanas na Noruega "contraria a decisão norueguesa de 1949 […] Isso torna a Noruega menos previsível, pode alimentar tensões, incitar uma corrida armamentista e levar a uma desestabilização da situação no norte da Europa", escreveu a embaixada russa.
Mas o Pentágono disse que a Rússia não tem motivos para preocupação.
"Forças norueguesas e aliadas estão treinando para defender o território da Noruega e não representam uma ameaça para a Rússia", disse Eric Pahon, porta-voz do Pentágono, citado pela Agência AFP, acrescentando que a presença norte-americana está de acordo com a política norueguesa de estacionar tropas estrangeiras.
A política "não impede exercícios aliados e treinamento na Noruega", continuou ele em um comunicado.
O anúncio de Oslo veio depois que 9 nações ao longo do flanco leste da OTAN na semana passada pediram que a aliança reforçasse sua presença em sua região. Desde o ano passado, 330 fuzileiros navais dos EUA foram posicionados em rotação em Vaernes, no centro da Noruega, apesar dos fortes protestos da Rússia.
Oslo agora quer aumentar o número de tropas para 700 e colocá-las mais ao norte, em Setermoen, a 420 quilômetros da Rússia. O acordo de implantação dos EUA também seria estendido dos atuais períodos renováveis de 6 meses para 5 anos.
"A defesa da Noruega depende do apoio de nossos aliados da OTAN, como é o caso da maioria dos outros países da Otan", declarou o ministro da Defesa, Frank Bakke-Jensen, em um comunicado. "Para este apoio funcionar em tempos de crise e guerra, somos totalmente dependentes de treinamento conjunto e exercícios em tempos de paz", acrescentou.
Bulgária, República Tcheca, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Polônia, Romênia e Eslováquia pediram na sexta-feira que a OTAN discuta um aumento da presença militar em sua região na cúpula dos líderes do próximo mês em Bruxelas. O grupo disse que era necessário suplementar as atuais forças terrestres da OTAN "com componentes aéreos e navais".
A OTAN reforçou as defesas na Europa Central e Oriental em resposta aos crescentes temores sobre a Rússia, após a anexação da Crimeia em Moscou em 2014.
A Noruega insistiu que está respeitando seu compromisso de 1949, observando que a presença das tropas não é permanente, mas rotativa. Contudo, Moscou rejeitou esse argumento.
"Mesmo se as pessoas reais forem movimentadas, o posicionamento é contínuo", informou.
A Rússia também expressou "preocupação" de que "os planos foram acordados em Oslo sem qualquer diálogo político bilateral real".