Analistas estimaram consequências econômicas à luz das recentes ações dos EUA e da China: em resposta às declarações de Trump sobre a imposição de tarifas de 25% nas importações chinesas, o país asiático anunciou medidas simétricas em relação a mercadorias norte-americanas.
De acordo com ele, há chances de a administração de Trump, inspirada em êxitos econômicos obtidos em curto prazo, fechar os olhos para riscos e consequências duradouros, destacou Maslennikov.
"Em 2019, a guerra comercial será capaz de provocar nos EUA uma recessão. Como resultado, pode acontecer aquilo que menos desejaríamos, ou seja, a repetição da crise dos anos de 2008 e 2009", explicou o analista, acrescentando que a China entende muito bem os riscos com que precisarão lidar.
"Por outro lado, dá para entender o posicionamento chinês. Quanto tempo se pode jogar neste pôquer — tudo que é concordado pelos EUA, é reavaliado em duas ou três semanas. Pode-se ou não confiar no que foi concordado com a administração de Trump?"
Os efeitos secundários dessa guerra serão negativos principalmente para as economias dos parceiros econômicos da China e dos EUA, que, de fato, abrangem toda a região do Pacífico. Sendo assim, uma nova recessão poderia começar mais cedo do que previsto.
De acordo com analista e professora do Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou, Ekaterina Arapova, em uma perspectiva de longo prazo, essa guerra comercial pode causar mudanças no sistema econômico da China, ou seja, a transformação do consumo interno no principal incentivador da economia, desenvolvendo, assim, indústrias inovadoras.
"De certo modo, esta guerra comercial contribuirá para a aceleração de todos estes processos na economia chinesa por ser um estimulador adicional. No momento, a China não pode introduzir quotas de importações para os produtos de tecnologia de ponta dos EUA por depender das tecnologias norte-americanas e de outros países desenvolvidos", assinalou.
Arapova acrescentou que medidas de restrição de importações de matéria-prima também poderiam incentivar o desenvolvimento de energia alternativa no gigantes asiático.
Vale ressaltar que as medidas de resposta chinesas têm como alvo a produção dos estados norte-americanos que votaram mais em Trump durante as eleições presidenciais. Entre os produtos afetados por tarifas se encontram soja, milho, trigo, arroz, sorgo, carne bovina, suína, aves, peixes, laticínios, nozes e vegetais.
Enquanto isso, para a China, sendo este país o maior importador de petróleo do mundo, o petróleo norte-americano é apenas uma pequena parte de seu balanço energético. Os maiores fornecedores são a Arábia Saudita e a Rússia. A este respeito, analistas acreditam que as contramedidas chinesas podem afetar dolorosamente os exportadores de commodities dos EUA.