No momento em que o mundo debate o uso de energias renováveis. O Rio de Janeiro sedia essa semana a 22.ª Conferência Mundial de Energia do Hidrogênio, um dos principais eventos do setor no planeta, que traz nessa edição o tema: “Transformação de Biomassas e de Energia Elétrica em Hidrogênio”.
Entre as pautas brasileiras que estão sendo apresentadas, está a criação do ônibus movido a energia do hidrogênio, projeto do Laboratório de Hidrogênio da Coppe-RJ — Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que é o maior centro de ensino e pesquisa em engenharia da América Latina.
O professor da Coppe/UFRJ e coordenador do projeto do ônibus de hidrogênio, Paulo Emílio de Miranda, conversou com a Sputnik Brasil e destacou o protagonismo do Rio de Janeiro no desenvolvimento de transportes sustentáveis.
"O Rio é realmente visto como um local de discussões que chamaram a atenção para a sustentabilidade do mundo, e isso já há vários anos. A vinda deste Congresso aqui agora é muito importante, porque esse é o maior congresso mundial da área, realizado já em vários países", destacou.
"O Brasil tem muitas possibilidades para a produção de hidrogênio, seja a partir da eletrólise da água, principalmente considerando que nós produzimos muita energia elétrica com energias renováveis, fez também o uso de biomassa, num país agrícola como o Brasil, onde a disponibilidade de biomassas é muito grande", acrescentou.
De acordo com ele, isso traz uma potencialidade muito grande para o Brasil e "este evento está servindo para conscientizar pessoas de governos, empresas e a população sobre essa nova possibilidade energética que certamente vai dominar o cenário durante o século XXI".
Ao comentar o lançamento do primeiro protótipo do ônibus movido a energia do hidrogênio, o especialista afirmou que agora foi lançada uma nova versão em relação ao terceiro protótipo que já é de condição pré-comercial.
"A partir de agora há condição de se fazer a produção industrial e o uso em larga escala na sociedade deste tipo de veículo, que é muito mais interessante, por não ter poluição ambiental, não ter poluição sonora, e representar uma tecnologia mais avançada do que a que utilizamos atualmente", afirmou o coordenador do projeto.
Paulo Emílio observou, no entanto, que apesar das negociações em curso tudo depende muito de vontade política, "porque toda tecnologia nova é mais cara do que uma tecnologia já em uso em muitos anos".
"O que se busca agora é a criação de nichos de mercados onde frotas destes veículos possam começar a ser utilizados para que se atinja um condição de produção em termos de números", concluiu.