Análise: na disputa comercial com EUA, China ainda não recorreu a seu trunfo principal

© AFP 2023 / TED ALJIBE Dragão Vermelho, o símbolo da China
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O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a imposição de tarifas de 25% sobre as importações chinesas, medida que deve entrar em vigor no mês que vem. Este passo causou forte reação por parte de Pequim. Em entrevista à Sputnik, um analista chinês comentou a situação.

Em entrevista à Sputnik Internacional, Yun Sun, especialista em relações sino-americanas, codiretor do Programa da Ásia Oriental do Instituto de Pesquisa do Centro Stimson em Washington, disse estranhar que alguém ache inesperadas as tarifas norte-americanas sobre as importações da China. 

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Ele recordou que o anúncio sobre as medidas foi feito logo a seguir à cúpula em Singapura, considerada bem-sucedida ao menos pela administração Trump. 

"É interessante como os EUA observam a China desempenhando um certo papel nas relações com a Coreia do Norte, e como estas relações podem ser usadas a favor ou contra a disputa comercial", destacou.

"Acredito que os chineses estão pensando assim: 'No ano passado o presidente Trump nos prometeu que, caso ajudássemos os EUA na questão da Coreia do Norte, o acordo comercial seria muito melhor. Contudo, agora parece que os EUA estão fazendo sucessos na desnuclearização da Coreia do Norte e que o acordo comercial que a China obtém é muito pior'", assegurou o analista, acrescentando que, no ver da China, há muitos motivos para queixas e descontentamento.

Yun Sun recordou as afirmações de Trump de que os EUA não temiam a guerra comercial por terem um enorme défice, e que a guerra comercial resultaria em maiores perdas para um país com superavit, mesmo que os economistas tenham qualificado essa lógica como errada. 

A bandeira da República Popular da China e as Estrelas e Listras dos Estados Unidos tremulam pela Avenida da Pensilvânia, perto do Capitólio dos EUA, durante a visita de Estado do presidente chinês, Hu Jintao em 18 de janeiro de 2011 (foto de arquivo). - Sputnik Brasil
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Além disso, Sun destacou que, anteriormente, nos EUA e na China muitos pensavam que ninguém queria desencadear uma guerra comercial. Contudo, agora as pessoas encaram estas declarações com menos otimismo já que nas rodadas de negociações anteriores parecia que os EUA e a China haviam resolvido todas as questões, mas Trump parece estar disposto a romper os anteriores compromissos.

"Agora a China pensa que Trump é capaz de cancelar quaisquer compromissos anteriores atingidos nas negociações. Em conexão a isso, surge a questão de saber se os EUA eram honestos nessas negociações comerciais", explicou.

Segundo a declaração do governo chinês, caso os EUA continuem insistindo na introdução de tarifas especiais sobre as importações chinesas, os resultados das negociações anteriores também serão cancelados pela China. 

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Yun Sun enfatizou que, no momento, os dois lados estão prontos para demonstrar um ao outro a sua prontidão de proteger seus interesses. 

"Acho que, depois de várias rodadas de negociações, a paciência chinesa acabou. Por isso, não vou ficar surpreendido caso comecem confrontos comerciais entre os EUA e a China, o que significa que os dois lados prosseguirão com tarifas mútuas, medidas e contramedidas", assinalou.

O analista destacou que a China não usou ainda seu principal trunfo, Wang Qishan, vice-primeiro-ministro chinês, que possui uma enorme experiência de negociações com os EUA. 

"Ele ainda não foi encarregado de resolver este problema, mas seu envolvimento seria a medida extrema nas negociações", assinalou Sun. 

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Assim, para o especialista, os lados ainda têm espaço de manobra.

"Se você ler atentamente a declaração dos EUA, dá para ver que eles adiaram a imposição de tarifas especiais até 6 de julho. Isso acontecerá daqui a três semanas. Por isso, acredito que os norte-americanos também querem assegurar espaço de manobra a fim de fazer a China concordar com concessões. Mas a questão é se a China concordará ou não com essas concessões", ressaltou. 

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