Segundo comunicado divulgado na manhã desta quinta-feira (21), uma perícia já foi feita no local e está prevista uma reconstituição para determinar de onde partiram os tiros que atingiram o estudante.
A corporação realizou uma operação no complexo de favelas na manhã de ontem e, além de veículos blindados, utilizou uma aeronave.
"A PCERJ reitera que a utilização do helicóptero em operações, como as ocorridas na quarta-feira, se dá para a garantia da segurança de toda a população, entre eles os moradores da comunidade envolvida e os policiais que desempenham suas atividades. Não há qualquer registro de que alguém tenha sido atingido por tiros vindos da aeronave empregada na operação na Maré".
A história é narrada pelos pais de Marcus Vinicius, que foram hoje ao Instituto Médico Legal (IML) liberar seu corpo. José Gerson da Silva, de 37 anos, trabalhava como pedreiro quando recebeu a notícia, de uma vizinha.
"Ele já estava próximo de casa. Só precisava andar mais uns 100 metros e já estaria seguro", conta ele, que só conseguiu ver o filho quando já estava entubado, no Hospital Getúlio Vargas, na zona norte do Rio.
A mãe, Bruna da Silva, de 36 anos, conseguiu conversar com o filho quando ele estava na Unidade de Pronto Atendimento, pelo telefone.
"Ele falou 'ô, mãe, eu nunca mais quero sentir essa dor na minha vida'. Eu falei 'meu filho, fica quietinho e não fala, pra não entrar ar'. Ele disse 'mãe, eu to com sede'. Meu filho morreu com sede".
Indignada, a diarista culpa a polícia pela morte do filho. Os pais do estudante afirmam que testemunhas disseram a eles que os tiros teriam partido de um blindado, que se deparou com Marcus Vinicius na rua e atirou. Bruna afirma ainda que a polícia chegou a impedir que a ambulância entrasse para socorrê-lo na comunidade.
"Não pode mais isso acontecer, chega de alvejar criança. Eles entram na comunidade para destruir famílias", disse a mãe, que tem uma filha mais nova. "Tenho uma caçula de 12 anos, e minha filha está chorando e falando 'eu não tenho mais irmão, tiraram meu irmão'. O que eu posso fazer?", disse.
A mãe do adolescente afirmou que pensa em processar o Estado e não pretende se calar diante do crime. "Eu espero Justiça. Eu não sei se vai haver. Calaram meu filho, mas a mãe não calaram e por ele eu vou falar. Se eu tiver que processar o estado, eu vou processar. Pra não ficar impune".
O adolescente chegou a ser socorrido e operado no Hospital Estadual Getúlio Vargas, mas não resistiu aos ferimentos.
Além de Marcus Vinicius, seis pessoas morreram ontem durante a operação. Na nota divulgada hoje, a Polícia Civil informou que apreendeu quatro fuzis, oito carregadores, duas pistolas, quatro granadas, munições, drogas e ferramentas utilizadas para arrombamento de caixas eletrônicos.