Jato de fogo mortal: qual é o segredo das munições HEAT

© Sputnik / Kirill BragaMilitares russos e indianos durante as manobras conjuntas Indra 2014
Militares russos e indianos durante as manobras conjuntas Indra 2014 - Sputnik Brasil
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A disputa entre o projétil e a blindagem por muito tempo era definida por dois fatores: o calibre e velocidade inicial do primeiro e a espessura do segundo. Porém, na época da Segunda Guerra Mundial, a munição altamente explosiva HEAT desmentiu esse axioma.

O analista militar da Sputnik, Andrei Kots, explicou como funcionam essas munições e onde se usam hoje.

Jato de fogo

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O explosivo antitanque de ação química HEAT (High Explosive Anti Tank, em inglês) é destinado para destruir veículos blindados e fortificações de longo prazo, sendo pouco eficiente contra infantaria.

Ao invés de outros tipos de munições que furam a blindagem por meio de energia cinética ou do explosivo, a HEAT perfura o alvo em um só ponto, afetando-o com um jato concentrado do produto da explosão.

Na parte principal, a munição tem uma cavidade em forma de funil apontado com a extremidade mais larga ao alvo. Em torno do funil está a carga explosiva. Ao ser detonada, a onda de choque pressiona os lados do funil fazendo com que se apertem ao eixo longitudinal da HEAT. Assim se cria uma pressão enorme que transforma o metal que reveste o explosivo em uma substância líquida, empurrando-a ao alvo. Tal jato se move em frente com uma velocidade de cerca de 10 quilômetros por segundo. A pressão é tão forte que mesmo na blindagem mais forte de um tanque aparece uma brecha.

Logo que o jato entra no espaço por trás da blindagem, no veículo se cria uma área de pressão aumentada, ou seja, o ar fica muito quente, o que pode fazer explodir a reserva de munições. Além disso, a tripulação do tanque atingido pela HEAT recebe múltiplos ferimentos: queimaduras, traumatismos e ferimentos por estilhaços. Durante a Segunda Guerra Mundial foram registrados casos em que tal munição literalmente cortava ao meio os tripulantes de tanques com seu jato.

© Sputnik / Aleksander Melnikov / Acessar o banco de imagensVisitante da exposição de forças especiais SOFEX-2018 analisando o lança-granadas antitanque RPG-32 Nashab, na base aérea de Marka, Jordânia.
Visitante da exposição de forças especiais SOFEX-2018 analisando o lança-granadas antitanque RPG-32 Nashab, na base aérea de Marka, Jordânia. - Sputnik Brasil
Visitante da exposição de forças especiais SOFEX-2018 analisando o lança-granadas antitanque RPG-32 Nashab, na base aérea de Marka, Jordânia.

Mesmo assim, a eficácia destas munições não é absoluta, dependendo de vários fatores como o tamanho, o material do funil, a massa e as caraterísticas do explosivo, a espessura e resistência da blindagem, entre outros. Kots sublinha que em geral se acredita que uma HEAT é capaz de destruir seu alvo caso a espessura da blindagem não seja maior que cinco a oito calibres da munição.

Hoje em dia, contra estas munições antitanque podem proteger apenas os sistemas de blindagem reativa. Quando uma HEAT atinge o alvo, um elemento desta blindagem dispersa o jato da carga oca por meio de uma explosão dirigida. Para este fim, os militares por vezes cobrem os tanques com grades para que a HEAT rebente afastada da blindagem. Neste caso, o jato atingirá a blindagem já enfraquecido e sem poder perfurá-la.

Duplo ataque

As munições HEAT incluem munições de artilharia e para tanques, alguns mísseis e bombas de aviação, mísseis antinavio com ogiva de carga oca, torpedos, entre outros, sendo bastante comuns devido à sua estrutura e produção fáceis, preço baixo e alta eficácia.

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Os desenvolvimentos mais recentes são munições HEAT em tandem para sistemas de mísseis antitanque e lança-granadas portáteis, destinados precisamente para atacar alvos equipados com blindagem reativa. A ogiva é constituída por duas cargas localizadas uma atrás da outra.

Quando colide com o alvo, a primeira elimina os elementos da blindagem reativa, já a segunda acerta no mesmo lugar já desprotegido.

Tendo um lança-granadas equipado com HEAT, um soldado apenas é capaz de destruir ou danificar seriamente um tanque moderno de várias toneladas.

© Sputnik / Aleksandr Melnikov / Acessar o banco de imagensMilitar do exército kuwaitiano junto ao sistema móvel de mísseis antitanque Kornet-E, na versão de exportação, durante a exposição internacional de armamentos Gulf Defence & Aerospace 2017, no Kuwait
Militar do exército kuwaitiano junto ao sistema móvel de mísseis antitanque Kornet-E, na versão de exportação, durante a exposição internacional de armamentos Gulf Defence & Aerospace 2017, no Kuwait - Sputnik Brasil
Militar do exército kuwaitiano junto ao sistema móvel de mísseis antitanque Kornet-E, na versão de exportação, durante a exposição internacional de armamentos Gulf Defence & Aerospace 2017, no Kuwait

Atualmente, uma das armas antitanque mais poderosas da infantaria russa são os sistemas de mísseis antitanque Kornet, afirma o analista. Com um alcance de até 5.500 metros, um míssil deste sistema é capaz de perfurar uma blindagem de 1.300-1.400 milímetros, então a tripulação do tanque inimigo não vai se aperceber do ataque senão no último momento.

Apesar de aparecerem durante a Segunda Guerra Mundial, as munições HEAT continuam sendo um meio antitanque muito eficaz, o que é indicado pelo seu grande número nos arsenais de vários países do Mundo, conclui o analista.

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