Apesar da presença da polícia e do forte calor de verão, o protesto de sábado (30) reuniu pessoas de todas as idades, incluindo idosos de até 80 anos que chegaram para expressar seu descontentamento com as operações militares dos EUA lançadas do território alemão, comunicou o correspondente da Sputnik Alemanha, Marcel Joppa.
Organizado pelo grupo civil "Parem a base aérea de Ramstein", o protesto contou com a presença de várias pessoas famosas, incluindo a líder do Partido de Esquerda do Bundestag (parlamento alemão), Sahra Wagenknecht.
Discursando perante o público, Wagenknecht abordou a questão de "guerra de drones" que "apesar de não ser muito divulgada na mídia, continua ocorrendo".
"Ordens de matar são dadas apenas com o toque de um botão. São crimes ultrajantes! É inaceitável que sejam apoiados aqui, no território alemão", declarou a política alemã.
"Há mais de mil bases militares dos EUA por todo o mundo e nenhuma destas existe para garantir a segurança daqueles países", acrescentou a política.
Exigindo que a Alemanha siga uma política externa mais independente, Wagenknecht criticou a chanceler Angela Merkel, acusando-a de ser submissa aos EUA.
Parente os manifestantes discursou também o ativista da paz e escritor Eugen Drewermann, lembrando que desde 2001 os EUA bombardearam sete países predominantemente muçulmanos.
"Estamos envolvidos nestas ações e somos parcialmente responsáveis. Finalmente devemos rejeitar esta política", disse Drewermann.
O ativista notou ao mesmo tempo que, infelizmente, a OTAN sempre viu a Rússia como um país inimigo. Porém, sublinhou que se os EUA possuem cerca de mil bases por todo o mundo, a Rússia tem apenas algumas.
Durante o discurso de Drewermann, dezenas de manifestantes se dirigiram à entrada da base aérea americana onde se sentaram no asfalto, bloqueando o tráfego. Logo depois, a polícia advertiu que o protesto seria desfeito e que os que resistissem seriam detidos. Em resposta, manifestantes começaram a cantar e gritar slogans.
Como resultado, cerca de uma dúzia de pessoas foram detidas, incluindo um casal idoso americano.
Os Estados Unidos têm mantido a presença na Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Durante a Guerra Fria, a presença americana foi justificada pela necessidade de deter a União Soviética que tinha tropas deslocadas na Alemanha Oriental. Com o colapso da URSS em 1991, o resto do contingente soviético foi retirado da Alemanha em 1994, mas as bases dos EUA permaneceram, mesmo durante um período de relações sem precedentes entre Moscou e Washington nos anos 90 e a maior parte dos anos 2000.