A estratégia principal dos predadores é saltar de uma emboscada, alcançar, pegar a vítima e morder. Mas alguns predadores atuam de forma diferente.
Quando a presa come o caçador
Sabe-se que as rãs comem insetos, as serpentes — rãs, as aves e animais — cobras. É a cadeia alimentar normal. Mas nem sempre assim acontece.
Vítimas de engano
Os chocos podem mudar sua estratégia da caça. Segundo revelaram os cientistas, a memória episódica permite a esses moluscos beneficiarem da sua experiência. Eles escolhem o meio de atrair vários peixes: podem fingir ser uma pedra, alga ou caranguejo-eremita.
A questão principal é que a vítima deve ficar bastante perto do choco, pois ele lança os seus tentáculos com ventosas que agarram a presa. Alguns até imitam os movimentos dos animais que fingem ser. Essa tática não só confunde os peixes, mas também serve de proteção dos predadores.
Em comparação com os chocos, os polvos ficam esperando sua vítima com muita paciência em emboscada e, quando ela está perto, agarram-na com todos oito tentáculos ao mesmo tempo.
Entretanto, esse não é o caso do polvo listrado do Pacífico. Se uma presa se aproxima bastante perto dele, ele toca levemente a vítima nas costas com um tentáculo. Tentando se salvar, a vítima foge para o outro lado, mas lá já estão os outros sete tentáculos do polvo e o seu bico poderoso, parecido com o de um papagaio, declaram os cientistas.
Ganharam um infarto
As jiboias caçam de forma bastante simples: atacam a vítima de uma emboscada, enlaçam-na com seus anéis e asfixiam, mas nem tudo é tão elementar.
Em 2012 os biólogos norte-americanos conseguiram assistir ao epicentro da caça da serpente. Eles ofereceram a uma jiboia faminta um rato morto há vários dias, mas aquecido até 38 graus e com um aparelho especial que imita a pulsação.
Passados três anos, a mesma equipe científica estabeleceu que na verdade as jiboias não asfixiam a vítima, mas tentam parar seu fluxo sanguíneo. Eles descobriram que a circulação de sangue das vítimas parou logo vários segundos depois de as jiboias as apertarem. O oxigênio não conseguia atingir os órgãos e tecidos, o sangue das veias não tinha acesso ao coração. Como consequência, a palpitação do coração se acelerava, aumentando o nível de potássio no sangue, o que normalmente significa um infarto.
Bando de jiboias
A imagem das jiboias como caçadores solitários também pode ser revisada. O biólogo da Universidade de Tennessee, EUA, Vladimir Dinets, observou em Cuba como representantes da espécie Chilabothrus angulifer coordenavam suas ações durante a caça para aumentar as chances de sucesso.
As jiboias cubanas comem sobretudo morcegos. A única chance de apanhar a vítima é quando ela voa da caverna. Para isso os répteis ficavam perto da entrada a fim de a bloquear completamente. O cientista concluiu que quanto mais serpentes participavam da caça, mais bem-sucedida era a caça. Quando era só uma a jiboia que esperava os morcegos, a caça demorava em média cerca de 19 minutos.