Na chegada ao local pouco antes do jogo começar, as pessoas estavam otimistas. Sorrissos, bebida e risadas dos muitos que saíam de um meio expediente no trabalho. A expectativa era grande, ainda mais com os shows programados para depois do jogo. A ideia era esticar a festa até tarde.
Mãos na cabeça, olhos na tela e coração na mão. A Copa estava acabando.
Ariana Cristina Ribeiro, dona de casa de 23 anos, havia levado o filho pequeno para assistir o jogo com expectativa de ver uma vitória do Brasil.
Apaixonada por futebol, ela chegou duas horas mais cedo para garantir um bom lugar na grama, mas voltou para casa decepcionada com o time que acredita representá-la.
"É uma nação né? Acho que representa todo mundo que está aqui hoje. Todo mundo que estava aqui hoje eles estavam representando lá. Como esse povo não tem como ir para lá eles estavam representando a gente aqui", afirmou.
Para ela, a derrota do Brasil traz de volta a intensa disputa política ao país, e os problemas que foram ligeiramente esquecidos durante a Copa do Mundo agora voltam com tudo.
"Pararam de falar. Mas ainda, tudo que está aí, a falta de educação de saúde, ainda está ali. Botaram embaixo do tapete para botar a Copa por cima, aí agora que a Copa acabou eles vão tirar tudo de baixo do tapete. Eles estão escondendo, está tudo aí ainda. Eles só falam do futebol, mas agora vai voltar a guerra política, porque as eleições já estão aí", destacou Ariana.
José Bispo de Oliveira Filho, ex-militar, de 65 anos, disse não se sentir decepcionado com a derrota, apesar de ter acreditado que o Brasil venceria.
Apesar de estar vestido com as cores do Brasil dos pés à cabeça, José Bispo, em frente a uma viatura da polícia, afirmou que não era sobre futebol que gostaria de falar, como ex-militar.
"Eu já vi na minha frente, que eu moro aqui, carro que nem esse [apontando para a viatura da PM] os caras tendo que empurrar para andar. É uma coisa que a gente sabe que eles prestam segurança para a nossa vida e a deles, e tem hora que eles não têm nenhuma segurança", reclama, pedindo que o governador e o prefeito investissem mais nas polícias.
Quem não falou sobre política foram dois alemães que foram ver o jogo na Praça. Ainda no intervalo da partida, eles torciam para o Brasil virar.
"Eu amo a festa aqui, a Praça Mauá. Eu já vi três jogos aqui, e espero que o Brasil ganhe", afirmou Wesley, estudante de Direitos Humanos.
Elogiando o clima do Rio de Janeiro, ele também afirmou que a experiência de ver um jogo de Copa do Mundo é diferente no Brasil.
"Eu gosto da experiência porque acho que os brasileiros têm mais coração", concluiu. Wesley, que fica no Brasil só até o fim da Copa do Mundo, acrescentou que queria que o Brasil ganhasse o torneio, pois ouviu falar que teria "uma festa gigante aqui", concluindo com um "vem hexa".
Para sorte do Wesley, restou aos cariocas abraçar a sexta-feira e a festa no Centro do Rio de Janeiro. O lugar virou Carnaval, e o clima de velório ficou para depois.
"Acabaram os feriados, acabou!", passou um homem lamentando enquanto fingia choro.