Novas sanções dos EUA contra Irã: ineficazes e até contraproducentes

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Mulher em frente ao muro da antiga embaixada dos EUA em Teerã, tomada por islâmicos em 1980 - Sputnik Brasil
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As sanções que os EUA quererem impor ao Irã fazem parte de uma política de pressão que tem como objetivo forçar a mudança de comportamento de Teerã. Entretanto, as ações de Trump representam "um tiro no próprio pé", porque nada de bom sairá dessas sanções, que acabarão sendo contraproducentes, explica o especialista Christopher Steinitz.

Segundo o governo Trump, um dos objetivos das novas sanções é reduzir a zero as exportações de petróleo iraniano "até que o Irã se comporte como um país normal". Não entrando no debate sobre o que os EUA consideram normal, Steinitz advertiu que o primeiro erro na aplicação de sanções é presumir que estas funcionarão.

As esperanças de que isso venha a acontecer são poucas, sublinhou ele, porque o poder das medidas radica no número de países que as respeitam e "vários países já disseram que não planejam fazê-lo", lembrou o especialista. Entre eles estão a Turquia, a Índia e a China, todos importantes parceiros de Teerã.

"A Turquia tem uma longa história de importação de petróleo sancionado do Iraque e do Irã e não se acha na obrigação de cumprir as sanções dos EUA. Embora Washington possa impor sanções à Turquia, essas ações lhe custariam pôr em risco a ajuda turca na luta contra o Irã na Síria", explicou Steinitz em seu artigo para a edição The Hill.

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A Índia já disse que não planeja reconhecer as sanções, lembrou o autor, acrescentando que o país já antes tinha chegado a um acordo com o Irã sobre o pagamento de petróleo em rupias para evitar o uso do dólar, por isso se espera que faça o mesmo novamente.

A China, por sua vez, é o maior importador de petróleo iraniano e está na melhor posição para negociar o petróleo em yuanes em vez de dólares, porque o país está em plena expansão econômica de sua moeda.

"No fundo, a questão é saber quantos acordos o Irã pode fazer para minar as sanções. Embora as sanções sejam penalizadoras, será impossível reduzir a zero as exportações de petróleo iraniano sem causar grandes custos para nós [os EUA]", advertiu o analista.

Os EUA também estão errados quando assumem que suas sanções são uma boa ideia e não se voltarão contra eles. Entretanto, as medidas repressivas atingirão qualquer país que se atreva a fazer negócios com os iranianos. "Talvez a administração de Trump acredite que pode sancionar a Turquia e a Índia com pouco risco de retaliação", disse o especialista.

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Embora os EUA acreditem que, com suas sanções, conseguirão mudar o comportamento do Irã até que esse país seja convertido à força "em um país normal", as probabilidades de que isso aconteça não são muitas. Sobretudo porque o Irã já avisou que retomará suas atividades nucleares.

Para Steinitz, não há dúvida que os EUA continuam sendo suficientemente fortes para forçar a maioria das nações a aceitar essas novas sanções. A questão é saber se essas sanções levarão o Irã a mudar seu comportamento, e até que ponto os outros países irão tolerar essa linha dura.

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