A razão apontada pelos pesquisadores é de que o governo Michel Temer tem cedido demais às barganhas feitas por grupos ligados ao agronegócio no Congresso Nacional e as concessões feitas a esse segmento têm gerado retrocessos na legislação ambiental.
Em entrevista à Sputnik Brasil, Mário Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, é duro ao criticar os privilégios que a chamada bancada ruralista consegue ter com o presidente Michel Temer.
"Nós estamos falando de 200 milhões de hectares no Brasil para a pecuária com apenas um boi para cada hectare, ou seja, tem mais espaço um boi hoje do que um cidadão do 'Minha Casa, Minha vida'. A gente está vivendo hoje um processo muito ruim, de ocupação errada, que já comprometeu demais esse bioma da Amazônia e isso se agrava com o governo cedendo à chantagem desses grupos que estão ocupando essas terras para fins de especulação", afirmou.
Segundo Mário Montovani, o chamado crédito agrícola, um fundo público criado para garantir a produtividade do agronegócio, está sendo usado para a especulação de terras na Amazônia e compra de agrotóxicos.
"O dinheiro ofertado para os pequenos proprietários não chega a R$ 10 bilhões. Menos do que é ofertado aos grandes proprietários para comprarem veneno. E esses pequenos proprietários, que tem menos de 20% da terra, que produzem toda a nossa alimentação. Essa pressão que vem sido feita por essa bancada irrigada com o nosso dinheiro porque o crédito agrícola é um dinheiro de toda a população brasileira e que deixa de ir pra saúde, habitação, transporte e segurança", comentou.
"Outro problema muito grande é a savanização da Amazônia, ela está em limite muito perigoso de não ter mais retorno e isso já mostrado em inúmeros trabalhos publicados por diversos pesquisadores", completou.