A partícula em questão se deslocou milhões de anos-luz através do espaço antes de chegar ao nosso planeta, onde um grupo de cientistas caçadores de neutrinos esperava por poder ver uma partícula como esta.
Embora os cientistas já tenham detectado tais partículas esquivas na Terra, a descoberta é importante porque se trata da primeira descoberta deste tipo, ou seja, de partículas que chegam ao nosso planeta a partir de uma fonte poderosa do espaço profundo.
Os cientistas a chamam de "partícula fantasma", pois ela "pode viajar através de qualquer coisa", explica Lidley Winslow, físico do Instituto de Tecnologia de Michigan.
Além disso, Darren Grant, físico da Universidade de Alberta, assegura que a partícula "não deixa nenhum rastro" por onde passa. Grant garante que, apesar de os neutrinos estarem ao nosso redor, são incrivelmente difíceis de detectar.
O IceCube, a ferramenta utilizada para realizar a detecção, é de fato um cubo de gelo de um quilômetro, localizado a cerca de 2.500 metros por baixo da Antártida, que foi equipado com mais de 5.000 tubos de detecção. A ideia era construir um detector maciço e esperar que um neutrino do espaço profundo colidisse com esse instrumento científico.
Sua teoria consistia em que uma fonte muito potente no espaço profundo produzia tais surtos, assim como neutrinos, até que finalmente apareceu uma solução: os blazares.
Winslow ressalta que os neutrinos são uma ferramenta-chave "para entender melhor as coisas maravilhosas e estranhas que existem [no universo]", como por exemplo os próprios blazares. À medida que o gás e a poeira caem em um buraco negro maciço no centro de uma galáxia, expelem parte desta matéria para o exterior, sendo impulsionados por ambos os lados do buraco negro em forma de dois jatos energéticos.
Às vezes, um desses jatos chega à Terra. Ao detectá-los, algo que só é possível quando estão muito perto de outra pequena partícula e interagem com ela, os cientistas podem estudá-los e, dessa forma, entender melhor o que há nos já mencionados blazares.