A Sputnik avalia as perspectivas dessa parceria para a Rússia e se haverá obstáculos à implementação destes projetos.
No início de julho, o Ministério da Energia da Rússia informou que os líderes da indústria demonstraram interesse em projetos na Síria, incluindo as empresas Zarubezhneft, Zarubezhgeologiya (subsidiária da Rosgeologiya), Tekhnopromeksport (faz parte da Rostekh) e STG, a quais já possuem experiência de trabalho na região.
"Estamos interessados na cooperação com a Síria e na execução de uma série de trabalhos. Mas, por enquanto, estamos na fase inicial de negociações", disse o representante oficial da Rosgeologiya, Anton Sergeev.
Não apenas prospecção
No entanto, as empresas russas não se limitarão apenas aos trabalhos de prospecção, mas também à restauração da infraestrutura energética do país: refinarias de petróleo, oleodutos e usinas termoelétricas.
Vale a pena observar que, antes da guerra, a rede elétrica do país era uma das mais desenvolvidas e poderosas da região. Agora, mais de metade das usinas não funcionam. Portanto, o principal objetivo nesse estágio é fornecer eletricidade para as casas de milhões de pessoas.
"Foram assinados memorandos de entendimento entre a Síria e a Rússia relativos à reconstrução de usinas sírias. Por exemplo: a central térmica em Aleppo. Precisamos lançar o segundo, terceiro e quarto geradores, e vamos também explorar a possibilidade de lançar dois geradores a vapor para gerar 700 MW", disse o ministro da Eletricidade da Síria, Zuhair Kharboutli, em uma entrevista à Sputnik Árabe.
Plano estratégico
No entanto, estas são apenas as reservas conhecidas, cujos estoques têm vindo a diminuir em todo o mundo. Em particular, no início de julho, analistas da empresa de investimentos norte-americana Sanford C. Bernstein & Co. anunciaram um declínio catastrófico no investimento dos principais produtores. Como resultado, os estoques diminuíram em média 30%.
A abordagem das empresas russas no setor de petróleo e gás na Síria é um plano estratégico para restaurar não apenas a economia da República Árabe, mas também para vir a obter lucros significativos ao longo de décadas. E já nesta fase é possível falar sobre o mar Mediterrâneo, onde provavelmente se encontram as maiores reservas de gás natural do mundo. O acesso territorial a elas, entre outros países, também passa pela Síria.
Naturalmente, esse trabalho de grande escala envolve grandes investimentos, e o governo da Síria não possui esses recursos. Portanto, o encargo do financiamento, aparentemente, recairá sobre as empresas russas.
"Vamos restaurar e os sírios nos pagarão com parte do petróleo produzido nos campos que serão restabelecidos", assegurou Vladimir Isaev, professor do Instituto da Ásia e África da Universidade Estatal de Moscou.
Tendo em conta a atual situação política externa, ao mesmo tempo que as empresas russas alcançam sucessos no sector de petróleo e gás na Síria, as tentativas de outros países de expulsar a Rússia serão intensificadas. Em primeiro lugar, isso diz respeito aos gigantes internacionais do petróleo e gás.
"Pequim não tem experiência, porque a indústria de refinação de petróleo foi criada pela União Soviética. A China vai construir estradas, já foram assinados contratos, assim como restaurar a agricultura ou, por exemplo, fábricas têxteis", disse Vladimir Isaev.