O professor de Relações Internacionais da UFF, Jonuel Gonçalves, em entrevista à Sputnik Brasil, declarou que são dois os temas principais a serem abordados durante a reunião da CPLP: a questão da circulação sem visto do órgão e o aumento da cooperação militar e econômica. O acadêmico diz que as duas pautas têm sérios obstáculos.
"Fica pra resolver o problema central que é o problema da supra-cidadania no quadro CPLP. Haveria uma cidadania que seria paralela às cidadanias nacionais e isso permitiria a liberdade de movimento dos cidadãos da CPLP. Se isso não passar, a CPLP é apenas um clube de bate-papo", disse.
O professor de Relações Internacionais aponta que Portugal é um país que tem um governo exemplar no sentido de promover a livre circulação entre países de língua portuguesa, no entanto a União Europeia se opõe firmemente à livre entrada de países da CPLP no território português por conta do acordo Schengen. "E Portugal não tem a mínima autonomia quanto a isso", acrescentou.
"Vários países da CPLP fazem parte de entidades de integração regional que são conflitantes. Por exemplo, o Brasil em relação a Portugal tem problemas de regulamentação porque o Brasil tá no Mercosul e Portugal tá na União Europeia, e isso levanta problemas, por exemplo, na política agrícola", destaca o especialista.
De acordo com Jonuel Gonçalves, "enquanto não houver um acordo entre o Mercosul e esses países, a política tarifária vai ser um obstáculo".
Comunidade de Países de Língua Portuguesa, criada nos anos 1990, reúne Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.