O mapa da fome da Organização das Nações Unidas (ONU) reúne os países que têm mais de 5% da população ingerindo menos calorias do que o recomendável. O Brasil deixou a lista em 2014.
O economista Francisco Menezes, pesquisador do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) e da ActionAid Brasil, fez parte da pesquisa e afirmou à Sputnik Brasil que os índices de extrema pobreza voltaram para níveis de 12 anos atrás. Ele afirma que após um longo "período de êxito, o país volta a retroceder".
"Existem dois fatores que se combinam: de um lado nós temos o enfrentamento da crise econômica e do chamado desequilíbrio fiscal a partir de uma política bastante divisiva e é de conhecimento público o quanto que o desemprego cresceu em um período muito curto. Isso está sendo um elemento causador, forte e grave para essas condições de pobreza. Em segundo lugar, os programas sociais, também dentro de uma política de ajuste fiscal que cortou sobretudo em relação àquilo que era dedicado ao enfrentamento da pobreza e da fome, esses programas foram diminuídos em seus orçamentos."
"Não temos todas as informações precisas, porque o Governo não foi preciso em suas informações, mas nós sabemos que foram feitas reduções no cadastro do Bolsa Família onde 1,5 milhão de famílias teriam sido retiradas do programa. Isso certamente foi um dado", afirma Menezes à Sputnik Brasil.
O economista também destaca que até 2014 havia um programa chamado "busca ativa" de pessoas em vulnerabilidade que precisariam receber o Bolsa Família bem como outros programas sociais — e esta prática foi abandonada.