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O título que o Brasil pode ganhar: voltar ao mapa da fome da ONU

© Foto / Tânia Rêgo/Agência Brasil/ Fotos PúblicasExército na Rocinha
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A soma da desigualdade da sociedade brasileira com o aumento do desemprego e os cortes nos programas sociais pode devolver o país a um lugar incômodo: o mapa da fome da ONU. Esta é a conclusão de estudo do grupo de trabalho da sociedade civil para agenda 2030, organização que reúne mais de 20 ONG's.

O mapa da fome da Organização das Nações Unidas (ONU) reúne os países que têm mais de 5% da população ingerindo menos calorias do que o recomendável. O Brasil deixou a lista em 2014.

O economista Francisco Menezes, pesquisador do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) e da ActionAid Brasil, fez parte da pesquisa e afirmou à Sputnik Brasil que os índices de extrema pobreza voltaram para níveis de 12 anos atrás. Ele afirma que após um longo "período de êxito, o país volta a retroceder". 

"Existem dois fatores que se combinam: de um lado nós temos o enfrentamento da crise econômica e do chamado desequilíbrio fiscal a partir de uma política bastante divisiva e é de conhecimento público o quanto que o desemprego cresceu em um período muito curto. Isso está sendo um elemento causador, forte e grave para essas condições de pobreza. Em segundo lugar, os programas sociais, também dentro de uma política de ajuste fiscal que cortou sobretudo em relação àquilo que era dedicado ao enfrentamento da pobreza e da fome, esses programas foram diminuídos em seus orçamentos."

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Menezes ressalta que a extrema pobreza voltou a níveis de 12 anos atrás e que a PEC 95, conhecida como PEC do Teto e aprovada no início do governo de Michel Temer (MDB), é uma medida "equivocada" e que "precisa ser revogada". A PEC determina que os gastos do Governo Federal só poderão ser reajustados pela inflação do ano anterior, durante 20 anos. 

"Não temos todas as informações precisas, porque o Governo não foi preciso em suas informações, mas nós sabemos que foram feitas reduções no cadastro do Bolsa Família onde 1,5 milhão de famílias teriam sido retiradas do programa. Isso certamente foi um dado", afirma Menezes à Sputnik Brasil.

O economista também destaca que até 2014 havia um programa chamado "busca ativa" de pessoas em vulnerabilidade que precisariam receber o Bolsa Família bem como outros programas sociais — e esta prática foi abandonada. 

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