3 fatores-chave que podem levar ao colapso do dólar

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A venda massiva de títulos do Tesouro dos EUA pela Rússia não representa uma grande ameaça para Washington porque Moscou nunca foi o principal credor dos EUA. Entretanto, a especialista revela três fatores que podem levar ao fim da época do dólar.

O colapso do dólar ocorrerá quando seu valor for suficientemente baixo para qualquer ator do mercado querer vender ativos expressos em dólares, explicou Victoria Stepushova, professora da Universidade Estatal de Moscou em seu artigo para o portal Pravda.ru. Isso vai minar a confiança no sistema financeiro baseado no dólar. Para que essa situação se torne realidade devem ser cumpridas pelo menos algumas condições.

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Primeiro, o dólar teria que enfraquecer, o que, na verdade, está acontecendo durante a presidência de Donald Trump. Ele quebrou a tradição de 70 anos de apoiar o dólar custe o que custar. Trump considera o dólar forte como um obstáculo na sua guerra comercial com a China. O dólar fraco, por sua vez, alivia o serviço da dívida. Segundo o The Wall Street Journal, o dólar está sobrevalorizado em 10% e, para atingir o objetivo de Trump de liquidar o déficit comercial dos EUA de 500 bilhões de dólares (R$ 1,86 trilhões), é preciso baixar significativamente o valor do dólar norte-americano, explicou Stepushova.

Entretanto, hoje a dívida dos EUA supera os 100% do seu PIB e, segundo algumas previsões, continuará crescendo. Isso, por sua vez, mina a confiança na divisa dos EUA.

O segundo fator é existência de uma divisa que possa substituir o dólar. Hoje o dólar desempenha um papel-chave no comércio e nas operações financeiras internacionais, enquanto o yuan chinês é uma moeda controlada pelo governo e o euro é apenas uma divisa regional. Segundo a especialista, se o yuan se tornasse uma moeda livremente conversível e a China desempenhasse maior papel no mercado de capitais, em vez de mercadorias, a moeda chinesa poderia se tornar uma espécie de alternativa ao dólar. Entretanto, parece que as autoridades chinesas não planejam fazer essas mudanças.

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O último fator é a existência de uma situação em que o dólar enfraquecido seja empurrado para o colapso. Stepushova sublinha que a venda massiva de títulos da dívida pública dos EUA poderia contribuir para esse processo. Se os maiores credores dos EUA, a China e o Japão, começassem a se livrar dos títulos, nos mercados financeiros ocorreria o pânico, que levaria ao colapso. Será que os dois países se atreverão a dar esse passo? Hoje em dia é pouco provável que isso aconteça.  Os títulos do Tesouro dos EUA geram fluxos financeiros estáveis que Pequim usa para satisfazer a procura de dólares por parte dos investidores.

O Japão, que tenta lidar com um deflação que dura já 15 anos, tem os mesmos interesses. Se o dólar for fraco, os bens expressos em ienes e yuanes se tornarão mais caros nos EUA e poderão ser expulsos do mercado norte-americano. Os países credores dos EUA poderiam começar a livrar-se dos títulos da dívida pública dos EUA apenas por motivos políticos ou se eles encontrarem substitutos no mercado norte-americano.  

Baseando-se nas condições acima mencionadas, a autora chega à conclusão de que hoje em dia o colapso do dólar é pouco provável. Se isso acontecer, as consequências para os EUA serão graves. O preço do ouro, das criptomoedas e das fontes de energia aumentariam, bem como o fardo da dívida. O aumento da inflação, das taxas de juro e volatilidade afetariam o setor real da economia. O agravamento do desemprego levaria os EUA à recessão ou até mesmo à depressão, opinou Stepushova.

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