Os nematoides são uma família de vermes microscópicas que reúne mais de 24 mil espécies diferentes.
Os investigadores separaram os corpos dos nematoides das amostras de terra, colocando-os em um recipiente com caldo nutritivo a uma temperatura de 20 °C. Logo após um curto período de tempo, os pequenos animais começaram a mostrar sinais de vida.
"Recebemos os primeiros dados que demonstram as capacidades dos organismos multicelulares de entrarem em criobiose prolongada", informam os investigadores, citado pelo portal Gazeta.ru.
O processo e os resultados do estudo inédito foram publicados na revista científica Doklady Biological Sciences.
A primeira amostra, de 32 mil anos, continha nematoides da espécie Panagrolaimus. Os vermes foram encontradas a uma profundidade de 30 metros. A segunda amostra, de 42 mil anos, foi descoberta a apenas 3,5 metros de profundidade e continha espécimes Plectus.
"É obvio que os nematoides do Pleistoceno têm certos mecanismos adaptativos que podem ter importância científica e prática em várias áreas, como a criomedicina, a criobiologia e a astrobiologia", concluem os autores do estudo.
Os investigadores acreditam em particular que sua investigação poderá ser uma contribuição significativa para futuras viagens espaciais. Perante a necessidade de atravessar enormes distâncias cósmicas, a humanidade precisará de conseguir algum tipo de anabiose para poder sobreviver por centenas ou talvez milhares de anos durante as viagens espaciais.
No entanto, os biólogos apontam também para o outro lado da descoberta: ninguém sabe o que ainda está escondido no pergelissolo (solo permanentemente congelado) se este descongelar um dia. Enquanto os nematoides não representam qualquer problema, no solo podem permanecer bactérias, vírus, fungos e animais desconhecidos e não se sabe como estes "seres ressuscitados" poderão afetar nosso ecossistema.