Os números do Censo de 2017 começaram a ser divulgados pelo IBGE, mas são preliminares e poderão ser revisados.
Hoje, o Brasil tem 15.036.978 pessoas trabalhando em atividades agropecuárias, um número 9,2% menor na comparação com 2006. Ou seja, foram eliminados cerca 1,5 milhão de empregos.
Ao mesmo tempo, aumentou a mecanização no campo. O número de tratores registrados em propriedades rurais aumentou 49,7% no período e chegou a 1,22 milhão de unidades.
Aumentou, também, o número de propriedades rurais que usam agrotóxicos. Das 5.072.152 propriedades rurais existentes no país, 33% utilizam os produtos agroquímicos — um aumento de 20,4% em relação a 2006.
Enquanto isso, existem 50.865 propriedades rurais, cerca de 1% do total, que confinam dentro de suas cercas 47,52% de todas as terras utilizadas para a agropecuária.
O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Gilmar Mauro acredita que os dados mostram um país com renda e terras "altamente concentrada" e que continua a "aumentar o processo de concentração de riquezas".
"Nós nascemos como colônia, exportando produtos agrícolas e minerais desde o famoso e malfadado descobrimento. E continuamos dessa forma. Mas há um agravamento dessa situação, principalmente a partir da década de 1980 e da crise econômica brasileira, e do grande déficit nas contas gerais do Brasil, se apostou bastante na exportação de produtos agrícolas como forma de obter superávit, para equilibrar todo o balanço de pagamentos", diz Mauro à Sputnik Brasil.
Já o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Hélio Sirimarco, ressalta que as informações do Censo Agropecuário de 2017 mostram um "aumento na produtividade" e se diz temeroso do possível impacto no câmbio que as eleições de outubro podem trazer.