Em cada ano, desde 1970, este marco é conhecido como o Dia de Sobrecarga da Terra, que representa o momento em que o consumo de recursos naturais supera o volume que o planeta é capaz de renovar.
Mario Mantovani, geógrafo, ambientalista e diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, atribui esse esgotamento de recursos ao padrão de consumo.
"Em vez de termos um padrão de consumo sustentável, nós estamos falando de um padrão acumulativo. Um exemplo claro disso é a indústria dos automóveis, que ao se ver esgotada em países de primeiro mundo passa a fabricar carros em massa para países de terceiro mundo que não tiveram tanto acesso a esses bens de consumo", disse.
Em nota, a organização explicou que o cálculo é feito somando as áreas necessárias para fornecer os recursos renováveis utilizados e para a absorção de resíduos. Para Mantovani, a humanidade precisa rever o uso do petróleo como matriz de energia para tentar reverter esse quadro.
No início da década de 1970 ainda existia equilíbrio entre os recursos utilizados e a Biocapacidade do planeta. Mas em 1975 o dia da Sobrecarga chegou no dia 01 de dezembro. Na virada do milênio o dia da Sobrecarga estava ao redor do dia 01 de novembro e este ano o Dia da Sobrecarga foi no dia 1º de agosto.
O ambientalista alerta para um possível agravamento ainda maior da situação por conta de posturas como a do presidente Donald Trump, que retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris.
"Um presidente Trump nos EUA e até um Bolsonaro no Brasil falando em romper com a questão do clima vai ser o grande desafio do momento. É necessário manter essa unidade em torno desse objetivo. Afinal nós estamos falando do limite da Terra, não é um país ou outro que vai definir isso, é o conjunto", defendeu.
O Acordo de Paris foi concluído em dezembro de 2015 e tem como objetivo limitar o aumento das temperaturas globais com a redução da emissão de gases causadores de efeito estufa.