Dos 20 países avaliados pela pesquisa, o Brasil aparece em terceiro lugar nas projeções de pessoas que vão à óbito por consequência do calor. Fica apenas atrás da Colômbia e das Filipinas.
"O que nós verificamos é que as cidades que ficam em regiões próximas ao equador, cidades do nordeste, norte do Brasil, países do norte do continente africano, cidades da América Central são aquelas que vão pagar um preço mais alto em termos de número de mortes", afirmou.
A pesquisa foi feita por cerca de 40 cientistas e analisou o número de mortes por ondas de calor em 412 cidades de 20 países, de 2031 a 2080.
Segundo Saldiva, infelizmente muitos países não possuem dados precisos em relação às causas de mortalidade. Isso não permitiu, por exemplo, que os cientistas fizessem uma análise sobre o impacto das aumento da temperatura em países do Golfo Pérsico.
Paulo Saldiva alertou também para o fato de que populações de baixa renda são as que mais sofrem com as ondas de calor. Em São Paulo, por exemplo, o número de mortes aumenta 50% em um período de altas temperaturas.
"Mais uma vez a exclusão a social das cidades vai representar uma carga maior para quem menos tem, para quem menos pode. Isso não só é um problema ambiental e climático, mas fundamentalmente ela remete a questões de direitos humanos e direitos fundamentais das pessoas", comentou.
O professor da USP também explica que ao analisar o comportamento de grandes cidades é possível ter um termômetro do que vai acontecer no restante do planeta.
"As cidades antecipam muito as alterações climáticas previstas para ocorrer nos próximas décadas porque as cidades possuem ilhas de calor, então embora trágico elas são laboratórios precisos para entender o que vai acontecer quando a temperatura mudar", explicou.